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Perca o medo! Saiba como é feita a cirurgia de varizes nas pernas

Por Francine Costanti 30/12/2019

Há 36 anos, a morte de Clara Nunes ganhava destaque na capa de jornais e noticiários na TV. Durante uma cirurgia para retirada de varizes, a cantora sofreu uma complicação anestesiológica. Desde então – e mesmo com a chegada de novos tratamentos – muitos pacientes ainda têm receio de se submeter à intervenção cirúrgica.

Se você pretende fazer a cirurgia de varizes em breve, fique tranquila! Batemos um papo com a cirurgiã vascular e angiologista Aline Lamaita para tirar suas dúvidas sobre o procedimento.

Como se formam as varizes nas pernas?

As varizes ocorrem por conta do mau funcionamento das válvulas dentro dos vasos sanguíneos. Esse defeito faz com que o sangue reflua dentro da veia, em direção contrária à natural. Como o sangue não consegue retornar, aumenta a pressão dentro dos vasos, que se dilatam e ficam saltados nas pernas, gerando uma série de problemas de circulação.

Existem fatores que colaboram para o aparecimento de varizes?

Tudo o que dificulta a drenagem do sangue das pernas pode favorecer a manifestação das varizes. Obesidade, ficar muitas horas seguidas em pé ou sentado sem movimentação, gestação, uso de hormônios anticoncepcionais, falta de atividade física e constipação intestinal são alguns fatores que podem agravar as varizes caso a pessoa tenha predisposição.

Elas também podem ser causadas por fatores genéticos?

As varizes, salvo raras exceções, são de tendência genética, então se você tem familiares próximos com esse problema existe uma boa chance de você também manifestar a doença. Por isso é muito importante realizar exames assim que perceber algum vasinho nas pernas. 

Varizes ocorrem por conta do mau funcionamento das válvulas dentro dos vasos sanguíneos. Foto: iStock

Se não tratadas, elas podem causar alguma complicação para a saúde?

As varizes, por definição, são veias doentes que perderam sua capacidade circulatória. Essas veias geralmente têm uma maior tendência a inflamar (a famosa flebite) e, se não tratada de forma adequada, essa inflamação pode invadir o sistema profundo e se tornar uma trombose venosa profunda.

Como é feita a cirurgia de varizes?

Através de microincisões (microcirurgia), as veias são retiradas através de uma agulha de crochê, igual à de costura mesmo, técnica de excelência utilizada há mais de 40 anos. As agulhas ficaram mais delicadas, assim como a habilidade manual dos médicos, mas a técnica ainda se mantém.

Já a veia safena ganhou novas técnicas como a termoablação à laser, menos invasiva, que hoje é considerada a melhor técnica de tratamento. Nessa modalidade a veia é cauterizada por dentro, através de uma fibra óptica, sem a necessidade de ser retirada.

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A anestesia da cirurgia de varizes é local ou geral?

O procedimento pode ser feito por anestesia local e intradural (a famosa raquianestesia ou peridural na região lombar), mas tudo depende da quantidade de veias a serem tratadas. A anestesia local é aplicada para fazer pequenos cordões varicosos. Quando a quantidade de varizes é maior, é preciso extrair a veia safena e, neste caso, o indicado é a anestesia intradural, em que o paciente fica anestesiado da cintura para baixo. Mas, antes disso, o paciente recebe um sedativo para que haja menos dor na aplicação da intradural. 

Após a cirurgia de varizes, é normal sentir inchaço e dor?

Até 3 meses após cirurgia de varizes, principalmente nos casos de veia safena, é esperado algum grau de inchaço, mas pouca dor. Isso porque o corpo está se acostumando com a nova condição circulatória e ainda existe bastante processo inflamatório cicatricial acontecendo.

Mas em geral esses sintomas são bastante toleráveis, na grande maioria dos casos sem uso de medicação.

As varizes podem voltar após a cirurgia?

As varizes que foram retiradas na cirurgia não voltam, mas devemos nos lembrar sempre de que varizes fazem parte de um quadro crônico, ou seja, sem cura, e sendo assim novas veias podem aparecer com o tempo. O ideal é que se realize um acompanhamento para que essas novas veias sejam tratadas de formas menos invasivas, com ClaCs, espuma densa, escleroterapia e ClaFs, evitando assim novas cirurgias.

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