Antes mesmo de saírem da barriga da mãe, as crianças já são presenteadas com urso de pelúcia. Além disso, esse item também está presente em relacionamentos amorosos ou de amizade. Isso tudo não é novidade. No entanto, talvez o que você não saiba é que, segundo uma pesquisa da Universidade de Singapura, esse brinquedo pode diminuir o sentimento de rejeição.
O estudo realizado por Kenneth Tai, Xue Zheng e Jayanth Narayanan avaliou as emoções e reações de pessoas submetidas ao experimento. Elas eram informadas, com uma mentira, de que haviam sido excluídas de uma atividade em grupo proposta e depois precisavam avaliar um produto: um urso de pelúcia.
Dos que tinham sido falsamente excluídos, todos precisavam avaliar um produto, um urso de pelúcia, e metade deles devia tocar no objeto. Os que tiveram contato com o brinquedo demonstraram emoções mais positivas.
Nesse caso, o urso de pelúcia pode ser comparado, de certa forma, com o efeito emocional positivo gerado pelo contato com animais de estimação. As diferenças são grandes entre o objeto e os bichos de verdade, mas há margem para a comparação.
Urso de pelúcia é importante na infância
A psicóloga e professora da Universidade Feevale, Geraldine Alves dos Santos, explica que à medida que os pequenos vão se tornando mais independentes e se separando da figura materna, eles voltam a sua atenção para um objeto transicional.
“A criança troca a figura materna por objetos com cheirinhos, tecidos, cobertores e, inclusive, os preferidos bichinhos de pelúcia. Quando a criança consegue fazer essa transição, ela não se sente abandonada pela figura materna”, conta a especialista. Assim, progressivamente os pequenos vão desenvolvendo a habilidade de ficar longe da mãe.
Geraldine frisa que brincar é muito importante para elaborar o distanciamento da figura materna. “A criança que se sente rejeitada ou abandonada pela mãe pode vir a se sentir rejeitada socialmente, mesmo que a sensação não seja real”, exemplifica.
Urso de pelúcia na vida adulta
Como o urso de pelúcia é um objeto fundamentalmente infantil, ele pode até fazer parte da vida adulta como objeto de decoração ou de lembrança da infância, mas o efeito não é mais ou mesmo.
Geraldine explica que os objetos transicionais da vida adulta existem, mas variam bastante entre um indivíduo e outro. “Talvez possamos dizer que até os celulares exercem esse papel”, comenta ela, que afirma que certamente todos têm objetos que causam a sensação de aconchego.
Quem é realmente excluído socialmente pode encontrar conforto nesses objetos citados pela especialista. Mas ela comenta que a situação é diferente quando a percepção do indivíduo não condiz com a realidade.
“As pessoas que sentem os ambientes como hostis, mesmo que eles não sejam, não vão conseguir encontrar nesses objetos um conforto adequado”, diz a psicóloga.
A recomendação dela, para casos como esse, é a procura de profissionais que possam auxiliar a diminuir o sofrimento e a angústia causados pelo sentimento de rejeição social.
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