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Especialistas alertam para os riscos dos alimentos enriquecidos

Por Redação Doutíssima 28/07/2015

Especialistas contestam a suplementação de vitaminas adicionados durante o processamento dos alimentos como iogurtes, sucos, leite, cereais, dentre tantos outros. Segundo eles, os alimentos enriquecidos não passam de uma ação de marketing propagada pela moda do equilíbrio nutricional. E ao contrário de que muitos pensam, os nutricionistas garantem que a ingestão excessiva de nutrientes é prejudicial à saúde.

 

“Quando se tem uma alimentação balanceada, os produtos enriquecidos não têm nenhum valor nutritivo para o organismo. Por exemplo, hoje consumimos muitos alimentos fortificados com cálcio, mas a ingestão de apenas três produtos lácteos por dia é suficiente para cobrir as necessidades do organismo”, explica o médico Jean-Michel Lecerf, chefe do departamento de nutrição do Instituto Pasteur de Lille, na França, em entrevista ao jornal francês Le Figaro. O médico aconselha que as pessoas se nutram com alimentos enriquecidos naturalmente com vitaminas e minerais.

 

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Uma dieta balanceada dispensa o consumo de alimentos enriquecidos. Foto: Shutterstock

 

A indústria dos alimentos enriquecidos 

“Enriquecido” de ferro, fibras, vitaminas A, C ou D, cálcio, ômega 3 e probióticos, essas informações nutricionais fazem parte dos rótulos de muitos alimentos, como leite e derivados, biscoitos  e cereais para sinalizar aos consumidores que os nutrientes benéficos têm sido adicionados a esses produtos durante o processamento. Mas isso é realmente útil?

 

“Se há uma deficiência de vitaminas ou minerais, ela deve ser identificada por um profissional de saúde, médico ou nutricionista, afirma a professora Irene Margaritis, chefe da unidade de nutrição da Agência Nacional de Segurança de Saúde, Alimentação, Meio Ambiente e Trabalho, na França. “De fato, uma dieta desiquilibrada pode diminuir ou excluir determinados tipos de nutrientes”.

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A suplemtentação alimentar deve ser prescrita por um especialista. Foto: Robert Knesckel / Shutterstock

 

Casos específicos

A ingestão de vitaminas deve ser prescrita às pessoas com baixa nutricional e pelos veganos, por exemplo, que não consomem carne, ovos e produtos lácteos, correndo o risco de adquirirem a deficiência de vitamina B12, presente somente em produtos de origem animal.

 

Um outro caso que também deve ser considerado, após diagnóstico, são as mulheres jovens com carência de vitamina B9, o ácido fólico. O que pode resultar em deficiência de ferro durante a gravidez e um risco aumentado de malformação do feto.

 

Em qualquer caso, “uma dieta equilibrada não pode ser resumida apenas em algumas vitaminas e minerais adicionados aos produtos industrializados. Os alimentos contém muitos outros micronutrientes que contribuem para o equilíbrio fisiológico do corpo”, pondera a professora Margaritis.

 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição brasileira, um dos grandes desafios do setor produtivo para atender às demandas crescentes dos consumidores é a ausência de um marco regulatório específico para os suplementos alimentares. Atualmente, estes produtos podem estar classificados em diferentes categorias, que permeiam tanto o marco legal de alimentos quanto o de medicamentos.

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O consumo em excesso de vitaminas e minerais pode ser prejudicial à saúde. Foto: Shutterstock

 

Quanto mais não é melhor

A nutricionista explica que a proliferação dos alimentos fortificados pode intoxicar o organismo excedendo as necessidades alimentares recomendadas. “Precisamos parar de pensar que em se tratando de alimentação quanto ‘mais’ melhor. O excesso pode ser um problema”, diz a professora Margaritis.

 

Segundo ela, a overdose de zinco, por exemplo, contido em diversos alimentos fortificados, limita a absorção do cobre, fundamental para a boa saúde dos músculos, ossos e fígado. Os nutricionistas recomendam cautela e, portanto, uma abordagem personalizada.

 

O consumo de alimentos enriquecidos pode ser útil para algumas pessoas com défites de nutrientes, mas é irrelevante e até mesmo prejudicial para a maioria da população. “Diversificar a sua dieta continua sendo a melhor maneira de evitar as carências nutricionais”, insiste o Dr. Lecerf. Não há necessidade de pagar mais por alimentos que sua saúde não precisa.

 

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