O Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, leva a algumas reflexões e também a números otimistas. Em três décadas, reduziu-se de 35% para menos de 15% o índice de fumantes no Brasil. Isso se deve a vários fatores, como algumas políticas públicas e iniciativas pessoais. Mas quando o assunto é como parar de fumar, o caminho não é tão fácil.
Essa queda no percentual de fumantes entre os brasileiros se explica pelas leis antifumo aprovadas no País, mas também tem sido marcada por uma significativa força de vontade dos tabagistas que procuram saber como parar de fumar.
A própria data de 29 de agosto, criada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), é uma importante tentativa de diminuir ainda mais esse indicativo.
No Brasil, desde 1996, a lei 9294 restringe o uso e também a propaganda de qualquer produto derivado do tabaco em locais coletivos, privados ou públicos, salvo as áreas destinadas ao consumo, desde que estejam isoladas e ventiladas, os populares “fumódromos”.
Como parar de fumar fazendo terapia
Segundo o coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Luiz Carlos Corrêa da Silva, entre os principais métodos para largar o cigarro está o tratamento propriamente dito do tabagismo, com remédios, mas que tem como base a terapia cognitivo-comportamental.
“A terapia auxilia nas mudanças necessárias e os medicamentos, seja para reposição da nicotina (adesivo, goma e pastilha) ou para bloqueio dos seus receptores, ou para controlar transtornos comportamentais, são antidepressivos, ansiolíticos, entre outros”, explica o médico.
Por outro lado, as barreiras surgem e querer deixar o fumo é bem mais fácil do que assumir uma forma de parar de fumar.
Segundo Silva, entre os principais fatores que dificultam deixar o vício estão: baixa motivação, baixa autoestima, falta de cuidados com a saúde, grau de dependência elevado, antecipação de que terá dificuldades para deixar de fumar, outros vícios (como o alcoolismo) e doença psiquiátrica sem controle.
“A disponibilização de tratamentos, embora importante, tem uma pequena cobertura do total de fumantes, menos de 5%”, completa Silva.
Parar de fumar evita sérias doenças
Entre as principais doenças causadas pelo vício do cigarro, o médico relaciona vários tipos de câncer – particularmente do pulmão. Mas são mais de 20 tipos de tumores malignos que podem ser causados pelo cigarro, segundo ele.
Mais motivos para parar de fumar? Doenças cardiovasculares, com destaque para o infarto do miocárdio, o derrame cerebral e doenças do pulmão como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.
Há algumas décadas, as patologias relacionadas ao consumo do cigarro predominavam entre os homens, mas atualmente, segundo Silva, a frequência é praticamente a mesma para os dois gêneros.
Na visão do pneumologista, o Brasil já avançou bastante no controle do tabagismo, apesar de ainda o País ter 24 milhões de fumantes. “E nossos jovens ainda são estimulados a iniciar a fumar, e os próprios fumantes são cercados por uma propaganda nociva da indústria do tabaco”, comenta Silva.
Apesar dos apelos para parar de fumar, ele diz que as carteiras de cigarros são muito coloridas e atraentes, e os aditivos disfarçam o mau odor e o péssimo sabor do fumo.
“É fundamental que as carteiras sejam padronizadas e os aditivos sejam proibidos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) precisa ser apoiada e fortificada nas suas ações de controle. O Brasil precisa avançar mais ainda no controle do tabagismo, que mata mais de 130 mil brasileiros a cada ano”, afirma o coordenador.
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