Saúde Mental

Estudo aponta substâncias que afetam o desenvolvimento infantil

Por Redação Doutíssima 24/08/2015

Uma pesquisa divulgada pela revista científica The Lancet Neurology acende uma luz amarela no que se refere ao desenvolvimento infantil. De acordo com a publicação, tem ocorrido uma epidemia silenciosa, caracterizada por perturbações neurológicas nas crianças causadas por substâncias que não podemos ver, mas que estão presentes em móveis, brinquedos e roupas.

São ameaças escondidas, à espreita em objetos com os quais os pequenos estão acostumados a lidar todos os dias. A pesquisa, desenvolvida pela Escola de Saúde Pública de Harvard e pela Escola de Medicina Monte Sinai, de Nova York, apontou que a lista dessas substâncias que interferem no desenvolvimento infantil foi duplicada nos últimos 7 anos.

Veja, a seguir, alguma dessas substâncias e onde elas estão presentes.

desenvolvimento infantil doutíssima istock getty images

Estudo aponta que exposição das crianças a substâncias maléficas aumentou. Foto: iStock, Getty IMages

 

Chumbo atrapalha o desenvolvimento infantil

No topo da lista está o chumbo. O contágio pode ocorrer, principalmente, pelo consumo de alimentos ou água contaminados e por meio da inalação de partículas de poeira dessa substância.

Crianças que ficam expostas ao chumbo têm problemas no que se refere ao desempenho escolar e ainda podem ter comportamento alterado no futuro, com tendências à delinquência.

Outra substância capaz de interferir no desenvolvimento infantil é o tolueno, a popular “cola de sapateiro”, que pode ser parte de outro tipos de cola, como o usado por marceneiros. Também utilizado como solvente, o tolueno pode interferir na evolução cerebral e causar déficit de atenção na criança quando a mãe é exposta ao material.

É sabido que as gestantes precisam cuidar muito da alimentação e priorizar carnes pobres em gordura, como os peixes. Mas até isso pode ser uma ameaça. Há possibilidade de o peixe ser contaminado pelo metilmercúrio. As consequências são bem drásticas. De acordo com a pesquisa, o cérebro em desenvolvimento é bem mais vulnerável à toxicidade dessa substância do que o cérebro adulto, e os efeitos permanecem por muitos anos.

Contaminação pelo leite materno

Ainda como alerta para as grávidas, o estudo aponta os bifenilos policlorados que, assim como o metilmercúrio, podem estar em peixes e ainda em lácteos e carnes contaminados, e podem ser transferidos pelo leite materno. Mas também se encontram em aparelhos elétricos velhos, em forma de isolantes térmicos.

Bastante usados na indústria moveleira e de confecções, o grupo de compostos denominados polibromados éteres difenil são aplicados como retardadores de chama. Alguns estudos apontam que eles podem ser neurotóxicos e podem interferir no desenvolvimento infantil, especialmente na parte neurológica, quando há exposição pré-natal.

No Brasil, desde 2011, a venda de mamadeiras de plástico que tenham em sua composição o bisfenol A ou BPA, está proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Trata-se de um composto utilizado para fabricar policarbonato, usado na maior parte dos plásticos rígido e transparentes.

O BPA também é matéria-prima na produção da resina epóxi, que integra o revestimento interno de latas que servem para acondicionar alimentos e bebidas. Essa substância é capaz de enganar o organismo fazendo-o aceitá-lo como um hormônio real.

A presença dessa substância no corpo humano tem sido associada a diversos tipos de câncer e complicações no aparelho reprodutivo, sem falar em aumento significativo de peso, doenças de coração e puberdade precoce.

Para os pesquisadores, as regulamentações que existem no que se referem aos químicos não protegem as crianças, principalmente nos países pobres, onde as leis são ainda menos rígidas e o desenvolvimento infantil pode ser ainda mais afetado que em outras partes do mundo.

 

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