Filhos

Adoção: laços de afeto são muito mais que biológicos

Por Rafaela Monteiro 30/10/2013

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Autores da psicologia e antropologia argumentam a importância dos vínculos afetivos estabelecidos nas questões de paternidade, maternidade e nas concepções de família. Afirmando que os laços de afeto estão para além do biológico e que são estes que definem questões de paternidade e maternidade.

A forma de se relacionar em família, assim como a concepção desta é estabelecida de maneiras diferentes em cada camada da população, também podendo variar de lugar para lugar. Cada lugar tem sua noção de família estabelecida e em casos de adoção podemos chegar a um consenso quando partimos do ponto de vista de autores da psicologia em todo o mundo. 

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Segundo Luis Fernando Duarte apud Fonseca o valor de família tem grande peso em todas as camadas da população brasileira. Porém, tem significados diferentes dependendo da categoria social. Entre pessoas da elite, prevalece a família como linhagem (pessoas orgulhosas de seu patrimônio), que têm entre elas um espírito corporativista. Já nas camadas médias, existe a   prática da família nuclear identificada com a modernidade. No caso dos grupos populares o     conceito de família está ancorada nas atividades domésticas do dia a dia e nas redes de ajuda   mútua.

 

Laços de sangue X Laços de amor

Levi Strauss    o passo decisivo para a desnaturalização da família ao romper com o fundamento biológico da consanguinidade e ao focar sua atenção na questão do parentesco: os laços de parentesco são instituídos como fato social e não como natural e incluem não apenas a relação de consanguinidade e a descendência (“os laços de sangue”), mas principalmente as alianças. 

Dessa forma, ao retirar da família biológica o foco principal e ampliar a estrutura do parentesco com as alianças sociais,  esse autor contribui com novos elementos para a compreensão dessa modalidade de constituição familiar e de formação de vínculos de parentesco. Ou seja, abre caminhos para a análise da cultura como dimensão simbólica constitutiva de toda e qualquer realidade social.

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Françoise Dolto, ao falar sobre adoções, introduz a ideia de que todos os seres humanos estão na condição de serem ou não adotados pelos seus pais biológicos e por todos aqueles que passam e passarão por suas vidas, pois, tanto na adoção como na paternidade e maternidade biológicas, os pais precisam desejar o filho, imaginá-lo, contruí-lo em suas fantasias e conferir a ele um lugar na sua descendência familiar. Para essa autora, a questão psíquica prevalece em relação a questão biológica, sendo a primeira mais importante para estabelecimento de relações de parentalidade.

 

Afeto e família

Assim, de acordo com esses autores, as relações familiares e de parentesco estão além da consanguinidade, aproximando-as aos laços de afeto, dando a estes vital importância no estabelecimento de famílias e de relações maternas ou paternas. A  luz da psicologia prevalece então o vínculo de afeto e cuidado estabelecido ao londo de anos na relação pai e filho, a despeito da inexistência do vínculo biológico.