Autores da psicologia e antropologia argumentam a importância dos vínculos afetivos estabelecidos nas questões de paternidade, maternidade e nas concepções de família. Afirmando que os laços de afeto estão para além do biológico e que são estes que definem questões de paternidade e maternidade.
A forma de se relacionar em família, assim como a concepção desta é estabelecida de maneiras diferentes em cada camada da população, também podendo variar de lugar para lugar. Cada lugar tem sua noção de família estabelecida e em casos de adoção podemos chegar a um consenso quando partimos do ponto de vista de autores da psicologia em todo o mundo.
Segundo Luis Fernando Duarte apud Fonseca o valor de família tem grande peso em todas as camadas da população brasileira. Porém, tem significados diferentes dependendo da categoria social. Entre pessoas da elite, prevalece a família como linhagem (pessoas orgulhosas de seu patrimônio), que têm entre elas um espírito corporativista. Já nas camadas médias, existe a prática da família nuclear identificada com a modernidade. No caso dos grupos populares o conceito de família está ancorada nas atividades domésticas do dia a dia e nas redes de ajuda mútua.
Laços de sangue X Laços de amor
Levi Strauss dá o passo decisivo para a desnaturalização da família ao romper com o fundamento biológico da consanguinidade e ao focar sua atenção na questão do parentesco: os laços de parentesco são instituídos como fato social e não como natural e incluem não apenas a relação de consanguinidade e a descendência (“os laços de sangue”), mas principalmente as alianças.
Dessa forma, ao retirar da família biológica o foco principal e ampliar a estrutura do parentesco com as alianças sociais, esse autor contribui com novos elementos para a compreensão dessa modalidade de constituição familiar e de formação de vínculos de parentesco. Ou seja, abre caminhos para a análise da cultura como dimensão simbólica constitutiva de toda e qualquer realidade social.
Françoise Dolto, ao falar sobre adoções, introduz a ideia de que todos os seres humanos estão na condição de serem ou não adotados pelos seus pais biológicos e por todos aqueles que passam e passarão por suas vidas, pois, tanto na adoção como na paternidade e maternidade biológicas, os pais precisam desejar o filho, imaginá-lo, contruí-lo em suas fantasias e conferir a ele um lugar na sua descendência familiar. Para essa autora, a questão psíquica prevalece em relação a questão biológica, sendo a primeira mais importante para estabelecimento de relações de parentalidade.
Afeto e família
Assim, de acordo com esses autores, as relações familiares e de parentesco estão além da consanguinidade, aproximando-as aos laços de afeto, dando a estes vital importância no estabelecimento de famílias e de relações maternas ou paternas. A luz da psicologia prevalece então o vínculo de afeto e cuidado estabelecido ao londo de anos na relação pai e filho, a despeito da inexistência do vínculo biológico.