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Como funciona a cirurgia plástica pós parto

Por Dr. Victor Sorrentino 24/01/2014

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O que acontece com o corpo? O que você pode fazer para ter um retorno melhor? Qual o momento ideal para procurar a cirurgia plástica?
 

Qual é a mulher que não sonha em ter filhos, constituir uma família, gerar novas vidas? Entre dez mulheres, nove sonham em ser mãe, mas para muitas o desafio de ter que ver seu corpo sofrendo significativas mudanças, ou ter que se afastar de uma atividade da sua vida devido à gestação, faz com que pensem melhor antes de ter um filho, especialmente no mundo moderno, onde a mulher faz parte ativamente do Mercado de trabalho e, em muitos casos, é a principal fonte de renda da família.

Certamente a gravidez é um dos momentos mais especiais e marcantes na vida de uma mulher, apesar das mudanças emocionais e físicas, as quais podem variar conforme a estrutura corporal de cada uma.

E quando falamos em mudanças corporais, sabemos que as principais e tão temidas pelas recém mamães são: quadris com acúmulo de gordura, seios com novo formato e flacidez, aparecimento das temidas estrias nas costas, mamas e abdome modificados pela presença de gordura, além de mudança na qualidade da pele.

Com o nascimento do bebê, além da mãe se dedicar totalmente a um novo estilo de vida, é preciso que a mulher não se esqueça de si mesma, ou seja, este período pós-parto é o momento em que ocorre o processo de recuperação da silhueta. Entretanto esta etapa pode ser um pouco mais longa para algumas mulheres e as alterações na forma física podem permanecer por um tempo prolongado.

Voltar a ter o corpo de antes da gestação e se possível até melhor é o desejo da maior parte das mulheres. Para aquelas que têm na genética uma aliada e que levam a sério as orientações nutricionais durante a gravidez, a recuperação da silhueta ocorre normalmente em um período de 3 a 6 meses, especialmente quando amamentam. Mas, para a maioria, o processo costuma ser um pouco mais moroso. Acontece que nesta fase o corpo passa por importantes transformações hormonais e adaptações orgânicas e que devem ser respeitadas.

Do ponto de vista da cirurgia plástica, existem etapas a serem respeitadas e são fundamentais para a saúde da mulher e o sucesso de qualquer tratamento cirúrgico.

Durante a gestação:

Neste período, todas as atenções devem ser voltadas para os cuidados com a saúde do feto, portanto o acompanhamento do ginecologista/obstetra e da parte nutricional são essenciais e podem ajudar não só na condução gestacional correta, como na adequação do corpo.

Não é indicada a realização de qualquer cirurgia plástica durante a gestação, justamente por conta das substâncias anestésicas utilizadas na operação que podem prejudicar o desenvolvimento do bebê no útero.
Além disso, durante a gravidez ocorrem alterações hormonais significativas, que levam ao acúmulo de gordura e retenção de líquidos, fatores que interferem no contorno original do corpo distorcendo a relação das estruturas corporais e impedindo ao cirurgião de ter a percepção real do corpo da mulher para planejar a cirurgia.

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O ideal é que a mulher tenha uma média de ganho de peso de 1Kg por mês, não ultrapassando os 9Kg ao total no final da gestação, entretanto esta variação deve ser adquirida através de uma dieta orientada e balanceada. Nutricionistas e Nutrólogos atualizados devem estar conscientes de que muitas vezes a suplementação de vitaminas e minerais são hoje fator determinante da saúde de qualquer pessoa. Estudos recentes demonstraram que nos últimos 30 anos, a concentração de nutrientes nas frutas e vegetais diminuiu cerca de 50%, um dado extremamente preocupante. Obviamente, isto se deve às técnicas agrícolas atuais, uso de medicações e agrotóxicos, mas também ao desgaste acelerado do solo.

Ingestão de água e hidratação da pele são pontos muito importantes. Uma pessoa tem em média 60% do seu corpo constiuído por água, o médico tem obrigação hoje de saber e estudar o assunto, especialmente no que diz respeito a este período tão especial da gravidez, onde o volume hídrico aumenta proporcionalmente. Existe uma série de aspectos que devem ser observados, mas como resumo, podemos eleger como mais simples de serem observados o PH, que deve ser o mais alcalino possível (acima de 7,35 que é a média do PH sanguíneo de preferência) e não fluoretada, uma vez que também já está comprovado que o Fluor na água além de não ser a única opção como protetor dental, ainda compete com o Iodo, elemento essencial para o bom funcionamento da tireóide.

Como hidratante corporal, no geral os óleos como o de amêndoas melhoram a capacidade de hidratação da pele e podem ajudar na prevenção do aparecimento das temidas estrias. Mas existem sim diversas substâncias hidratantes mais específicas e de grande qualidade que podem ser manipuladas, sendo substancialmente mais efetivas. Aí não adianta procurar na internet e muito menos acreditar nos milagres das propagandas dos cosméticos que são vendidos livremente. Procure um especialista, pois a prevenção é a melhor medida a ser tomada e você pode ter certeza, nenhum cosmético é capaz de tratar realmente sua pele, pois não têm liberação da ANVISA para conter concentrações medicamentosas que interfiram efetivamente no organismo da pessoa.

Outro cuidado simples é a exposição ao sol. Toda e qualquer pessoa deveria se expor ao sol pelo menos 15 minutos diariamente, fora dos horários  em que a radiação é sabidamente excessiva (entre 10h e 14h). A grávida em especial, uma vez que o sol é a principal fonte de conversão de vitamina D3 que é hoje considerada por grandes estudiosos e especialistas, como um dos maiores “hormônios” do corpo humano, uma vez que somente esta “vitamina” e o Hormônio da Tireóide T3 é que possuem receptores em absolutamente TODAS as células do corpo humano.

Uma dica que considero das mais importantes e infelizmente não é conhecida pelos profissionais de saúde, é que estudos importantes demonstraram que os bebês das mulheres grávidas que fizeram suplementação com 2 tipos específicos de metabólitos do ômega 3 , ácido eicosapentanóico (EPA) e o ácido graxo docosahexanóico (DHA) em concentrações e relações específicas entre eles, são fundamentais para o desenvolvimento cerebral do feto. Sabemos que estes dois ácidos são usados pelo cérebro constantemente, por isto são classificados como ácidos graxos essenciais. Porém, na falta destes, o feto terá quantidade insuficiente e buscará o mínimo no organismo da mãe, que por sua vez terá também quantidades insuficientes. Este é apontado atualmente como um dos pilares do tratamento da tão temida depressão pós parto, que ao me ver, se bem compreendida e estudada, pode ser prevenida ativamente não só nutricionalmente, como hormonalmente. E em medicina é assim, tudo que você consegue compreender a causa, consegue também resolver sem necessidade de drogas com seus efeitos colaterais e que na maioria dos casos servem como “peneira para tapar o sol”, pois o real problema não foi atacado em sua raiz.

 Período pós-gestacional

É primeiramente importante ressaltar que A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica não tem uma recomendação sobre o tempo de espera para cada procedimento, dependerá da avaliação criteriosa do especialista que deve ser sempre extremamente cauteloso para, mais do que qualquer coisa, saber orientar corretamente sua paciente zelando fundamentalmente por sua saúde. Como regra geral, ou seja, não especificamente deve-se aguardar um tempo de 6 meses após o parto para a indicação de cirurgias plásticas.

Acontece que muitas mulheres acabam em verdadeiro desespero com esta nova situação corporal e necessitam de uma orientação adequada. As importantes alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez modificam o funcionamento do corpo e alteram a distribuição dos volumes de líquidos e gordura. A placenta, que durante o período gestacional serve de elo entre a mãe e o feto, provendo todo suporte vital necessário ao desenvolvimento do bebê, é removida no parto e a mulher tem consequentemente uma queda abrupta de seu suporte hormonal.Isto acontece principalmente com os níveis daquele que considero o hormônio mais importante da mulher, a Progesterona (*aí outra dica importante, a reposição de progesterona bioidêntica neste período tem sido substancialmente benéfica se indicada corretamente). Este momento é sentido e muitas das alterações corporais e inclusive psicológicas da mãe, características deste período de transição são relacionados com esta importante mudança.

Desta forma, o médico deve avaliar a repercussão global proveniente deste período para ter a decisão acertada de qual é o momento ideal para indicar a possibilidade da realização de algum procedimento cirúrgico na mãe, determinando criteriosamente se aquela mulher já está fisiologicamente e psicologicamente equilibrada e recuperada. Para que a mulher consiga ter uma recuperação adequada , exercícios físicos e novamente orientação nutrológica são essenciais.

As cirurgias plásticas mais procuradas e realizadas pelas mulheres após a gravidez são as Lipoaspirações, Abdomnoplastias, Mamoplastias Redutoras e de aumento com inclusão de próteses. Para todas estas, é indicado que a mulher esteja já com o peso o mais próximo do que estava antes da gravidez, isto é, o mais próximo do ideal levando-se em conta estrutura corporal, altura e idade.

Resumidamente, no caso das cirurgias na região do abdome, o ponto fundamental é se existe flacidez de pele. A gordura pode ser simplesmente removida através da lipoaspiração se a pele abdominal tiver capacidade de se “retrair” e se reacomodar novamente. Quando a mulher apresenta perda da qualidade da pele, da sua elasticidade e estrias, geralmente existem limitações aos procedimentos puramente lipoaspirativos e então a remoção da pele excedente se faz necessária utilizando-se técnicas de abdomnoplastias variadas conforme cada caso.

 

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Outro aspecto importante é a idade da paciente e a vontade ou não de ter outra gravidez no futuro. Em teoria, existe uma contraindicação formal e absoluta à realização da cirurgia de abdome em mulheres que pretendem ainda engravidar, pois na cirurgia geralmente a musculatura dos retos abdominais são unidas e a pele excedente retirada, então além do resultado do procedimento ser perdido em caso de nova gravidez, ainda pode existir uma restrição da pele do abdome com possibilidade de prejudicar a adequação do útero em crescimento com o feto. Sendo assim, o bom senso e a especialização do médico são primordiais para que a análise seja conduzida de forma correta.

Vale sempre lembrar que plástica não é recurso para emagrecimento, mas sim, para propiciar maior harmonia estética. Além disso, a demanda deve partir sempre da própria paciente e não, de terceiros, como companheiro ou amigas.

A visão interdisciplinar dentro das diferentes áreas médicas e a consciência do especialista acerca das possibilidades terapêuticas que podem ser usadas visando não só unicamente tratar, mas respeitar as outras necessidades da pessoa podem trazer grandes benefícios. Em outras palavras, atualmente o médico especialista em uma área deve tratar seu paciente tentando melhorar seu paciente, sem criar problemas em outra área do corpo. Esta integração da medicina é de suma importância, pois não existe problema em se sub-especializar como médico, mas existe sim problema se este sub-especialista deixar de pensar na saúde global do paciente sendo essencialmente e antes de qualquer especialização, médico. Por exemplo, um ginecologista/ obstetra pode realizar a incisão da cesariana em uma região do abdome prevendo a possibilidade de uma futura abdomnoplastia futura. Obviamente, esta análise prioriza sempre a realização do parto propriamente dito e o caso de cada paciente e viabilidade desta opção.
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No que se refere às cirurgias nas mamas, o cuidado com o tempo para recuperação da estrutura mamária é o mesmo. Devemos observar se as mamas realmente já retornaram ao seu estado natural e se a mulher já parou de amamentar. Normalmente, um tempo relativo de 3 a 6 meses após a parada da amamentação é necessário para que possamos abordar cirurgicamente as mamas, devido ao estímulo à lactação.

Os critérios de escolha em se reduzir as mamas, aumentá-las, usar ou não próteses mamárias de silicone dependerá da situação das mamas de cada mulher e das técnicas existentes e dominadas pelo especialista. Existem basicamente 3 opções: Diminuição das mamas com redução da pele excedente, aumento e preenchimento das mamas com implante de próteses de silicone, ou redução de pele e tecido mamário concomitantemente com o uso das próteses. Todas estas opções são possíveis, mas quem realmente tem conhecimento para junto com o paciente, indicar uma destas é o especialista cirurgião plástico.

A cirurgia plástica de mamas, dentro dos princípios técnicos corretos e, independente do tipo de corte realizado, não interfere na amamentação, ou seja, caso a mulher venha a engravidar novamente, não deve ter alteração ao estímulo da lactação e ao ato de amamentar.

As estrias em qualquer das regiões corporais só são comprovadamente removidas através de cicatriz, quando se consegue remover as que se encontram em toda pele retirada. É muito importante que as mulheres saibam que existem formas de disfarçá-las e na realidade clareá-las se estiverem mais escurecidas e com coloração “avermelhada-roxa”. Sabemos que esta fase geralmente é inicial no desenvolvimento das estrias e a tendência é que fiquem cada vez mais claras, porém existem casos em que a paciente apresenta esta característica genética e as estrias permanecem por longo período nesta fase, ficando mais aparentes. As únicas formas aceitas e com comprovação para o clareamento destas são alguns tipos de peelings, utilização de alguns cremes, ou aplicação de determinados lasers. Entretanto, não existe tratamento capaz de “acabar” com as estrias, apesar de infelizmente esta promessa ser feita de forma irresponsável por diversos estabelecimentos e profissionais.

Por fim, é fundamental que prevaleça o bom senso e que o momento após  o parto seja de dedicação para o bebê em primeiro lugar. Mãe e bebê necessitam de convivência, interação e trocas – aspectos fundamentais para a saúde de ambos. Além disso, toda cirurgia plástica requer cuidados de pós-operatório que devem ser seguidos para o sucesso do procedimento.Costumamos dizer que uma cirurgia depende de 3 pontos que estão relacionados: 1) Como a cirurgia é feita e com que qualidade executada; 2) Como a paciente irá cuidar de seu pós-operatório e se seguirá devidamente as orientações do seu médico; 3) Como o corpo cicatriza, aí o único fator que não depende nem do médico nem do paciente, mas sim da genética do mesmo. Com um bebê em casa, o segundo ponto, isto é, o cuidado pela paciente pode ser um desafio, pois existirão limitações definidas pela prática e rotina de cada cirurgião plástico especialista.

Na prática do dia-a-dia, fazemos questão de ressaltar que embora a imagem pessoal seja importante para o bem-estar da mulher, ela deve vivenciar intensamente os primeiros meses de vida da criança. Para tudo na vida existe um tempo, um momento. Cabe ao médico saber identificar junto com sua paciente, qual o momento certo para ela.