Considerada o “mal do século”, a depressão é uma das doenças mais graves da atualidade, não escolhe sexo ou classe social e é altamente debilitante. Mas seu tratamento ainda é visto com muitas restrições, especialmente quando envolve medicamentos. O preconceito existe e há quem acredite que antidepressivos engordam.
Para o médico psiquiatra e psicoterapeuta Fernando Schneider, a resistência ao tratamento não se dá por que os antidepressivos engordam ou não, mas está associada a, no mínimo, dois fatores: a recusa ao uso de qualquer medicação e a natureza da depressão, que é vista por muitos como uma “fraqueza”, ou ainda carrega o simbolismo de ser uma “doença mental”, algo que desvaloriza o indivíduo.
De acordo com Schneider, o melhor tratamento para a depressão é a psicoterapia combinada com a farmacoterapia (uso de remédios). “Há situações nas quais só a psicoterapia, em especial algumas técnicas específicas, pode promover melhora e recuperação de pessoas deprimidas. Nos quadros mais severos não se pode abrir mão do uso de medicações”, diz.
Segundo o médico, os diferentes tipos de antidepressivos funcionam provocando alterações em diferentes sistemas de neurotransmissores no cérebro. Eles aumentam a quantidade destas substâncias nos locais onde os neurônios fazem contato uns com os outros (as sinapses), determinando modificações no funcionamento destes, numa cascata de efeitos. “Em geral qualquer antidepressivo precisa de duas a três semanas para iniciar seu efeito”, diz.
É verdade que antidepressivos engordam?
Alguns antidepressivos engordam sim, diz o psiquiatra, mas isso normalmente está associado a mudanças de hábitos alimentares induzidas pela medicação, como anseio por doces, por exemplo, mais do que um efeito do antidepressivo em si.
Junto ao temor de que antidepressivos engordam, há o receio de um tratamento prolongado. Schneider diz que o tempo depende do tipo de depressão e de quanto tempo a pessoa já tem sintomas. “Cada caso é avaliado individualmente. Grosseiramente falando, o tratamento pode durar no mínimo seis meses e, no máximo, por toda vida”, afirma.
Segundo o médico, algumas pessoas abandonam a medicação poucas semanas depois de iniciar o tratamento porque se sentem bem. Esse é um erro frequente, pois o uso dos antidepressivos por alguns meses tem uma função: reduzir a chance de recaída.
“As pessoas que têm indicação de uso contínuo de antidepressivos por toda vida são aquelas que têm formas de depressão crônica ou que têm várias recaídas”, salienta.
Há antidepressivos mais ou menos fortes?
Schneider esclarece que não há diferenças significativas de eficácia entre os antidepressivos. “Nenhum deles é superior aos outros. Supostamente, qualquer um dos antidepressivos existentes no mercado pode funcionar para qualquer pessoa com depressão”, reflete Schneider.
Ou seja, não existe antidepressivo forte ou fraco, mas sim diferentes tipos, com perfis e efeitos colaterais distintos. A escolha do remédio a ser usado tem uma certa subjetividade envolvida.
“Alguns tipos de depressão parecem ter uma resposta maior a determinados tipo de medicamentos – mas isso não é universal”, compara Schneider. Às vezes o que determina a escolha é o perfil de efeitos colaterais ou a combinação de outras medicações que a pessoa está usando (muito comum em idosos).
A necessidade de prescrição de antidepressivo está relacionada à gravidade do quadro, supondo que o diagnóstico de depressão esteja correto. Assim, segundo o médico, é importante descartar outras causas de quadros depressivos antes de firmar o parecer: luto, presença de determinadas doenças como hipotireoidismo, uso de substâncias, como algumas medicações ou álcool, por exemplo.
Agora que tirou suas dúvidas se antidepressivos engordam ou não, que tal cuidar melhor da sua saúde mental?
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