A instabilidade econômica, os riscos de investimentos e a possibilidade de ficar sem dinheiro de uma hora para outra podem ser causa de um temor que cresce entre empresários: a falência. É uma possibilidade que não pode ser negada e para a qual muitos se preparam. Outros não. Mas há luz no fim do túnel, pelo menos no que se refere à volta por cima emocionalmente.
Dados do Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações, em abril deste ano, apontam que foram feitos 161 pedidos de falência no Brasil, representando uma alta de 15% em relação aos 140 requerimentos efetuados no mês anterior. Esse é o maior valor do ano. Em fevereiro de 2015, houve 89 pedidos e em janeiro foram 113.
A depressão pode acometer trabalhadores que observam a própria empresa falir. Foto: iStock, Getty Images
Para os que não sabem lidar com essa realidade, o risco de depressão e até mesmo de suicídio é cada vez maior, como explica a psicóloga organizacional Aline de Negri. Quando se fala da relação entre dinheiro, ou a falta dele, e depressão, ela diz que é preciso esclarecer alguns conceitos.
Falência se relaciona com questões financeiras
Segundo Aline, os fatores psicológicos e sociais, muitas vezes, são as consequências, e não a causa da depressão. Mas não nesse caso, pois processos de falência estão mais relacionados com questões econômicas do que fatores psicológicos.
Todo empreendedor tem características pessoais de boas habilidades em negociações e tem, por comportamento característico, o desejo por um sonho complexo e geralmente ligado a ambições financeiras, conforme Aline.
“No entanto, nem sempre todas as condições adversas podem ser dominadas, até mesmo para o sujeito mais empreendedor”, diz. Podem acontecer perdas consecutivas a partir do momento em que a economia financeira da empresa deixa de girar, por exemplo.
Toda essa situação adversa é um fator estressor. O estresse pode precipitar e ter como consequência a depressão em pessoas com predisposição genética.
Junto a isso, há a preocupação com famílias inteiras que deixarão de estar recebendo seus vencimentos no final do mês, funcionários que não terão onde voltar a trabalhar no dia seguinte etc. Sem contar as preocupações fiscais, tributárias, administrativas e da família do administrador em processo de falência.
Tratamento para a depressão em função da falência
A boa notícia é que existem caminhos na busca para superar a depressão.Todos podem ser válidos e variam de pessoa para pessoa. “No âmbito dos conhecimentos da psicologia, foram desenvolvidas muitas técnicas a serem recorridas pelos profissionais da área na busca da cura para sua depressão”, assegura.
O psicólogo opta por caminhos que podem ajudar na busca pela saída da depressão ocasionada pela falência conforme o perfil da pessoa, o jeito de ser e estilo de vida do empreendedor.
Algumas técnicas não “curam” depressão. Mesmo que familiares passem horas tentando dar conselho e reanimar a pessoa com sintomas de depressão, dificilmente esses desaparecerão.
O papel do psicólogo é ajudar procurando a identificação das causas, ressignificando situações por meio de processo terapêutico. Esse profissional trabalha para dar um novo olhar para situações vividas e buscar um novo modo de considerar pessoas, sentimentos, objetivos, mudando o foco ou buscando novos significados de vida.
“Até mesmo trabalhando traumas que ficaram em cada um durante o período de terapia. Analisar a forma como o paciente vem controlando sua vida atual também pode ser um dos fatores na busca de soluções”, diz Aline.
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