Muitas pessoas acham incrível poder entrar em uma loja e sair dela com algo que querem comprar. Ter a sensação de que conseguiram ter aquele objeto ou produto que desejam por muito tempo é algo incrível. Mas acontece que esse processo pode se tornar prejudicial e evoluir negativamente até que a pessoa se torne excessivamente consumista.
Quando o ato de comprar ultrapassa a barreira da normalidade, o indivíduo caminha de consumista para o que se denomina de oniomaníaco, ou seja, passa a ser um comprador compulsivo.
Os oniomaníacos têm o consumo como vício, assim como um alcoólatra que necessita da bebida. “Enquanto está comprando, a pessoa que tem oniomania sente alívio e prazer dos sintomas, que passa por um tempo, mas voltam rapidamente”, diz a psicóloga Patrícia Schneider Girardi.
Por isso, é importante poder entender esse limite e optar por modelos de comportamento baseados em reflexão do tipo: preciso mesmo disso? Refletir sobre as necessidades e a relação custo-benefício pode ser uma forma de evitar ser excessivamente consumista.
Consumista no limite
O consumista excessivo que se torna um oniomaníaco se apresenta com distúrbios que podem ser identificados como quando a compra serve para resolver a tristeza ou a frustração. A preocupação excessiva em comprar também é uma característica da pessoa que acaba sempre gastando mais dinheiro e tempo do que o planejado.
Segundo Patrícia, problemas familiares e desgaste em suas relações sociais, justamente por conta dos seus grandes gastos, podem alimentar esse distúrbio. E uma das consequências mais tristes e graves são dívidas que superam o valor que o consumista pode pagar.
O consumista pode se tornar grande devedor
“A pessoa está sempre procurando maneiras de conseguir dinheiro para cobrir o rombo da conta bancária, compra itens desnecessários ou em quantidades exageradas, quase sempre se arrepende logo após as compras e sente-se frustrado com isto”, completa a psicóloga.
Um dado curioso, de acordo com a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, é que a grande fonte de prazer dos compulsivos se encerra no ato da compra, e não necessariamente na posse ou no usufruto do que se adquire, que frequentemente será deixado de lado.
Os sintomas da oniomania são apontados pela psiquiatra como bem semelhantes aos da dependência química e têm características comuns com outras enfermidades contemporâneas como a bulimia, anorexia e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e o Transtorno de Déficit de Atenção Com Hiperatividade (TDAH).
Consumismo surge em qualquer classe social
Segundo Patrícia, esse distúrbio pode atingir qualquer pessoa, independentemente de classe social, condição econômica e formação intelectual.
“Hoje sabemos, através de pesquisas, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, que os oniomaníacos representam 3% da população, e que a proporção é de quatro mulheres para cada homem com a doença”, diz a psicóloga.
Os especialistas ainda não sabem por que a oniomania é mais comum em mulheres, mas acreditam que o motivo está diretamente relacionado a condições culturais. Quando esse distúrbio acomete pessoas de classes mais elevadas, a identificação da doença é mais difícil, pois é mais comum nessas classes a rotina da compra, podendo ocasionar o acúmulo de produtos.
O tratamento para a compra compulsiva e oniomania pode ser associado entre a psiquiatria e a psicologia. “A oniomania é uma doença que se não for tratada, somente piora com o passar do tempo. É uma doença progressiva em sua natureza, que não pode ser curada, mas detida. Os grupos de ajuda são uma alternativa a mais para auxiliar”, completa Patrícia.
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