É na infância que se constrói tudo o que fará parte do ser humano por toda a vida. A criança que somos contribuirá com o adulto que seremos, com todas as suas alegrias, realizações, tristezas e também com os eventuais traumas aos quais todos estão sujeitos.
É preciso entender esse processo para formar uma base sólida para enfrentar as consequências de todos os sentimentos e situações que marcam a infância.
A infância é uma das fases mais importantes no que se refere à constituição psicológica do ser humano. “É o momento de muitas construções e aquisições, no corpo, na fala, cognitivas, afetivas e relacionais e, com certeza, serão referências para toda a vida”, explica a psicóloga Fabiane Porto.
Os cuidadores serão as primeiras referências de amor, por exemplo, e isso é algo de extrema importância. No entanto, nada é determinado. “Somos seres em eterna construção, sempre podemos compreender algo, ressignificar e transformar. Portanto, as situações na infância contribuem muito para os adultos que somos, mas não nos determinam”, diz Fabiane.
Traumas mais comuns
A psicóloga fala que as situações ou traumas mais comuns que surgem na infância vão refletir na idade adulta. Segundo ela, o trauma em geral é entendido como um fato ou situação. Os sentimentos que decorrem dele são as consequências psicológicas que dependem de cada pessoa.
“Algo traumático é uma situação negativa, marcante, que dispendeu muita energia para que fosse assimilada ou acomodada e pode ainda não ter sido. São situações que não podem ser apagadas simplesmente, mas compreendidas”, diz.
Psicoterapia na solução de traumas
A psicoterapia é uma importante ferramenta nesse processo de elaboração de situações difíceis, para que a pessoa possa seguir em frente e não repetir tais comportamentos.
Momento vividos na infância que vão refletir em problemas na vida adulta são relativos, mas segundo Fabiane, a ausência dos pais em casa é algo bem preocupante.
Atualmente, ela diz ter percebido que esses substituem o “ser” pelo “ter”, deixando seus filhos aos cuidados de terceiros e indo em busca de uma vida melhor do ponto de vista material, esquecendo da presença, do cuidado e do amor, que é a necessidade primária das crianças e o que elas de fato necessitam.
Soma-se a isso os traumas da agressividade, da falta de paciência, da violência. “Pais que descarregam todas as suas frustrações nos seus filhos, do trabalho, do casamento ruim, das dificuldades financeiras e agridem as crianças dizendo verdadeiros absurdos, que muitas vezes beiram a humilhação e a negligência, deixando marcas psicológicas terríveis”, comenta.
Enquanto as crianças vivem uma pressão psicológica absurda, não se sentem à vontade e acolhidas dentro de suas próprias casas e por aqueles que deveriam protegê-las e amá-las.
Mas de acordo com a psicóloga, esses traumas podem ser identificados e tratados “a tempo”. Geralmente, a escola identifica por meio das mudanças de comportamento. Trabalhos em conjunto, através da psicoterapia, com a criança e a família, tendem a ter uma resposta positiva.
E antes de pensar no tratamento, é importante entender como essas situações ou traumas podem ser evitados. “Relações saudáveis, equilíbrio, autoconhecimento, lembrarmos nossos objetivos de vida, nossos valores, o que desejamos em nossa trajetória e o que queremos construir em nossa vida e com as pessoas são atitudes em prol disso”, ressalta Fabiane.
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