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Luana Piovani chama atenção para o abuso sexual na infância

Por Redação Fortíssima 13/04/2016

Na última segunda-feira, dia 11, Luana Piovani virou assunto ao falar de uma questão que ainda preocupa no Brasil e no mundo: a violência infantil. Tudo começou quando a atriz foi ao programa da Xuxa, na Record, e revelou que foi vítima de assédio verbal, físico e abuso sexual entre os seis e oito anos de idade.

Segundo dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), o país ainda registra uma média de 87 denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes por dia. Só no primeiro trimestre de 2015, o órgão recebeu informações de 4.480 casos.

Os números parecem alarmantes? Conforme estudos conduzidos pelo Centro Regional de Atenção e Maus Tratos na Infância do ABCD (CRAMI), 90% das ocorrências de violência praticada contra crianças e adolescentes não são denunciadas.

abuso sexual

Ao falar do seu caso, Piovani reacendeu o debate sobre o assunto. Foto: Instagram, Reprodução

Abuso sexual e violência na infância

A SDH aponta que o abuso sexual é um crime que ocorre quando o agressor, por meio da força física, ameaça, seduz e usa crianças ou adolescentes para a própria satisfação. A partir de dados das denúncias que ocorreram no início do ano passado, o órgão aponta que 45% das vítimas são meninas e 20% têm entre quatro e sete anos.

Em 58% das denúncias de violência, o pai e a mãe são os principais suspeitos das agressões, que ocorrem principalmente na casa da vítima. Thelma Armidoro Velasco, psicóloga do CRAMI, acredita ser este o motivo que inibe a denúncia dos crimes: eles acabam sendo encobertos pelos próprios familiares.

“São casos de negligência e violência sexual, física e psicológica que não chegam ao conhecimento das autoridades”, aponta a especialista. Em 23% das denúncias recebidas pela SDH no início de 2015, a exploração sexual, que é caracterizada pela utilização sexual de meninas e meninos com a intenção de obter lucro, também foi relatada.

Isso sem falar em pornografia infantil, grooming (assédio sexual na internet) e sexting (troca de fotos e vídeos de nudez, eróticas ou pornográficas), práticas que ainda são bastante comuns e nem sempre chegam ao conhecimento das autoridades.

Vale lembrar que o abuso de crianças e adolescentes é considerado crime hediondo no Brasil. A pena prevista para o crime, de 4 a 10 anos, não prevê liberdade mediante o pagamento de fiança. Além disso, os condenados cumprem a punição em regime fechado.

As consequências da violência infantil

Em entrevista à Xuxa, Luana Piovani revelou que os traumas sofridos na infância deixaram marcas na sua vida. Ela disse, por exemplo, que tem dificuldades em ir à ginecologista.  Segundo a psicóloga Marina Vasconcellos, especialista em psicodrama terapêutico, os abusos refletem no desenvolvimento da personalidade de qualquer pessoa.

O principal motivo é que a infância é a fase na qual o cuidado e o afeto são mais necessários para que seja possível crescer e se desenvolver com saúde. De acordo com Marina, como o cérebro está em formação, todos os estímulos e aprendizados ficam gravados junto com as emoções – positivas ou negativas – que o acompanham.  

A psicóloga destaca que, entre as formas de violência mais comuns estão a verbal, que engloba xingamentos, brigas e humilhações; a física, que se refere aos espancamentos; e a sexual, em que a criança ou adolescente é explorado contra sua vontade. Cada qual proporciona traumas em diferentes níveis.

“No caso da violência verbal, os rótulos negativos têm um enorme poder sobre a criança, que poderá crescer insegura e com baixa autoestima”, aponta a especialista. Já os traumas físicos deixam marcas como pânico e dificuldade em confiar nas pessoas, acrescenta ainda.

O caso do abuso sexual, de acordo com Marina, também precisa ser tratado como um problema sério, que  traz problemas na esfera afetiva e na sexualidade do adulto, além da dificuldade para confiar em outras pessoas.

Presenciou ou sabe de algum caso como esses? O Disque Direitos Humanos (Disque 100) é um serviço de atendimento telefônico gratuito, criado para receber denúncias e reclamações sobre violações de direitos, incluindo casos de abuso sexual e violência infantil. Funciona 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados.

Se você perceber que a criança exibe medo repentino de um determinado local, tem interrupções no seu padrão de sono e pesadelos recorrentes, se sente desconfortável para tirar a roupa e tem aversão a adultos do sexo oposto, fique atento. Esses podem ser indícios de que ela está sofrendo algum tipo de abuso.

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