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Microcefalia: antibiótico comum pode frear a doença?

Por Redação Fortíssima 16/07/2016

O alto número de pessoas infectadas pelos vírus transmitidos através do mosquito Aedes aegypti deixou a população em alerta total neste ano. Diante da relação entre zika e microcefalia, muitas mulheres adiaram até mesmo o sonho da gravidez. De acordo com Ministério da Saúde, já são 1.489 casos de bebês nascidos com a doença.

Diante do cenário atual, a comunidade científica estuda possibilidades de evitar a microcefalia em bebês de mulheres que foram infectadas pelo zika vírus. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, dos Estados Unidos, sugerem que o antibiótico azitromicina seria capaz de frear os danos causados pelos micro-organismos às células do sistema nervoso fetal.

Microcefalia x azitromicina

A pesquisa conduzida nos Estados Unidos teve por objetivo mapear o caminho que o zika vírus percorre no corpo da mãe até chegar ao sistema nervoso do bebê. Para isso, os cientistas identificaram as células mais afetadas pelos micro-organismos. Ao detectar os grupos mais lesados, os pesquisadores partiram para uma observação da azitromicina sobre eles.

A descoberta mostrou que os grupos celulares atingidos pela ação do zika são os trofoblastos, presentes no sangue materno e nas células uterinas, além das células-tronco, os astrócitos e as micróglias, encontrados no cérebro. A partir da constatação, os pesquisadores administraram o antibiótico para checar se ele poderia de bloquear os danos.

Nas células infectadas da placenta e do cérebro, havia uma grande quantidade de um receptor viral específico, chamado AXL. Por meio da azitromicina, foi constatado que era possível bloqueá-lo, reduzir a infecção e inibir a proliferação do vírus – a ponto de impedir as alterações nas células responsáveis por ocasionar o quadro de microcefalia.

Microcefalia

Antibiótico ajudaria a bloquear a ação viral nas células. Foto: iStock, Getty Images

Papel do antibiótico

A azitromicina é um antibiótico comum, geralmente utilizado para tratar infecções de vias respiratórias, do ouvido, da pele e até de algumas doenças sexualmente transmissíveis. O que não se sabe ao certo é como funciona o mecanismo de ação do medicamento para coibir os danos do zika.

Mesmo sem saber exatamente o porquê, os cientistas apontam que a administração do antibiótico poderia ser uma solução para evitar danos ocasionados pelo zika vírus nas grávidas. Seria, portanto, um mecanismo de prevenção contra as malformações, enquanto a vacina ainda não é uma realidade.

É necessário ressaltar, porém, que a estudo foi realizado in vitro: os pesquisadores fizeram intervenções em fragmentos de tecidos em laboratório e não em animais ou humanos. Assim, indicar a administração de azitromicina em mães infectadas, por enquanto, ainda seria uma medida muito precoce.

Neste contexto, partir para o uso de antibióticos na gravidez diante de uma suspeita de infecção por zika não é a medida indicada. A orientação é manter o acompanhamento pré-natal e seguir apenas as orientações do seu médico de confiança. Assim, você evita quaisquer riscos à sua saúde e a do bebê.

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