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Síndrome de Burnout: estresse de trabalho é cada vez mais comum

Por Francine Costanti 23/12/2019

Você sabe o que é Síndrome de Burnout? O distúrbio psíquico, também chamado de Síndrome do Esgotamento Profissional, é decorrente de esgotamento físico e mental intenso ligado às atividades profissionais. A síndrome foi reconhecida como uma doença diferente da depressão e da ansiedade pela nova Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS), que deve entrar em vigor a partir de 2022. 

Este é um bom momento, portanto, para conhecer a síndrome e ficar mais atenta ao equilíbrio entre a vida pessoal e profissional – algo fundamental para a nossa saúde. 

Sintomas e causas da Síndrome de Burnout

Entre os principais sintomas da Síndrome de Burnout estão desânimo constante, crises de pânico, choro fácil, tonturas, dor de cabeça e elementos parecidos com os observados em quadros de depressão e transtorno de ansiedade generalizada – o que dificulta o diagnóstico correto. 

Embora outros fatores possam contribuir para provocar a síndrome a longo prazo, as principais causas estão relacionadas à vida profissional. Isso porque, muitas vezes, o indivíduo vive por anos se desgastando, sem motivação e sem identificação com seu trabalho, e exposto a condições estressantes – o que leva a consequências emocionais e físicas. 

“As pessoas são expostas cronicamente a fatores como dificuldades de relacionamento com colegas e chefia e risco de demissão iminente, por exemplo. O contato humano diário, comum nas áreas da saúde e educação, também é algo estressante, e as pessoas expostas, anos a fio, a essas condições são mais prováveis de desenvolver esse problema”, explicou ao Jornal da USP o doutor Rodrigo Leite, coordenador dos Ambulatórios do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

A síndrome de burnout é causada pelo esgotamento físico e mental intenso ligado às atividades profissionais. Foto: iStock

Como é feito o diagnóstico?

O psiquiatra explica que o diagnóstico costuma ser difícil, porque a síndrome é facilmente confundida com depressão ou um quadro de ansiedade. “Geralmente observamos se esses sintomas têm relação direta com o ambiente de trabalho do paciente”. 

A partir dessa observação é preciso criar um tratamento psicológico exclusivo para a pessoa, que englobe as particularidades do seu problema. O mais indicado é que se trate a saúde do paciente em um sentido mais amplo – incluindo, além da medicação, atividade física, meditação, acupuntura, reeducação alimentar, melhora da qualidade do sono e abandono de maus hábitos como fumar. É provável, também, que o médico recomende o afastamento do profissional por um período.

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Para além do tratamento

Para Rodrigo, no entanto, é preciso ir além do tratamento e promover uma discussão mais ampla em relação ao papel do trabalho na sociedade atual, que muitas vezes contribui para uma má qualidade de vida e o adoecimento do profissional. Afinal, o estresse é uma das principais causas de afastamento do trabalho e está diretamente relacionado à saúde mental. 

Assim, o debate deve envolver também as condições de trabalho das pessoas e a criação de políticas públicas de reinserção de pacientes no mercado de trabalho. “Temos que começar a incluir nesse tratamento o direcionamento profissional, incluindo discussão de plano de carreira, de carga horária de trabalho, de legislação trabalhista… ou seja, só indicar antidepressivo não vai adiantar. É uma discussão muito ampla, mas extremamente necessária”, completa. 

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