Até pouco tempo atrás era comum atribuir a cirurgia de retirada das mamas a casos de câncer já existentes. Essa percepção mudou quando a atriz Angelina Jolie foi a público declarar que havia passado por uma mastectomia preventiva dupla, o que significa que mesmo sem ter manifestado a doença, a atriz optou pela retirada completa das mamas.
Mastectomia preventiva em evidência
Esse procedimento cirúrgico de Jolie voltou às atenções aos exames oncogenéticos, pois a escolha pela mastectomia preventiva se deu após a descoberta de um gene defeituoso.
De acordo com o onconegeticista Jose Claudio Casali, esse tipo de opção por parte da mulher é possível, pois a medicina já consegue fazer diagnósticos precoces e interferir no curso da doença.
“É importante conhecer os casos de doença na família, e se houver três casos de câncer ou algum episódio em idade jovem, com menos de 45 anos, é interessante que a pessoa faça uma avaliação”, explica o médico.
Casali explica ainda que, nos casos de tumores de mama e ovários, os testes procuram alterações nos genes BRCA 1 e 2 – e que Angelina Jolie apresentava o BRCA 1 defeituoso. Essa anomalia, somada ao fato de que mãe e vó de Jolie faleceram precocemente decorrente de câncer, traziam para a atriz 87% de riscos de tumores na mama. O alto risco nesse caso se torna fator de decisão pela mastectomia preventiva.
“Depois que fazemos o teste de DNA, o quadro fica completo. Se o câncer aparecer, será descoberto na fase inicial, com possibilidade maior de cura. Muitas vezes, orientamos o cirurgião ou o oncologista no tratamento preventivo a ser oferecido. Quando o risco é de 80%, aconselhamos cirurgias”, conta Casali.
Quando optar pela mastectomia preventiva
No entanto, quando uma mulher com histórico de câncer de mama na família deve optar pela mastectomia preventiva? A resposta é do Dr. Guilherme Novitta membro da Sociedade Brasileira de Mastologia que explica que o procedimento é destinado a um grupo muito restrito de pacientes.
O médico salienta ainda que as pesquisas sobre o assunto são bastante frágeis, apesar de apontarem um provável benefício de 90% na redução do câncer de mama. Além disto, os efeitos colaterais deste tipo de cirurgia são bastante elevados, chegando a cerca de 50% de novas cirurgias por complicações.
“É preciso desmistificar este tipo de procedimento. Algumas mulheres acreditam que a redução de risco é de 100% e que não há efeitos colaterais, com resultados estéticos excelentes”, afirma.
“Vale lembrar que não se trata de uma cirurgia estética, mas sim reparadora. Nem sempre o resultado estético será satisfatório. Além disso, a sensibilidade e a textura dos seios mudam radicalmente”, completa Novitta.
Como fica a aparência
Em termos de aparência dos seios após a mastectomia preventiva, no caso da atriz Angelina Jolie, foram colocadas próteses no lugar das mamas apenas nove semanas após a cirurgia de retirada.
Porém, Novitta alerta que isto depende de cada caso e das preferências de cada cirurgião. Existem várias técnicas de reconstrução mamária e o tratamento de cada mulher deve sempre ser individualizado.
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