Filhos

Adoção e sua história no Brasil: saiba mais

Por Rafaela Monteiro 29/11/2013

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A adoção existe há muito tempo. Desde os templos bíblicos, como o exemplo de Moisés que foi adotado pela filha de Faraó, ouve-se falar do tema da adoção.

Inicialmente, a adoção tinha somente o objetivo de dar filhos a casais inférteis, não era uma forma de dar uma família a crianças abandonadas. O foco era os pais diante de sua impossibilidade de gerar filhos. E ainda há um predomínio dessa modalidade de adoção no Brasil.

Após a primeira Guerra Mundial, devido ao grande número de crianças órfãs e abandonadas, a adoção começou a adquirir um sentido mais social, buscando-se o interesse da criança. Esta começou a ser entendida como uma possível solução para a falta de pais.

 

Brasil

Falando de Brasil, podemos verificar que o abandono de crianças não é algo recente, e que foi introduzido pelo branco europeu, pois o índio não tinha esse costume. Na época do Brasil colônia e império, crianças legítimas ou ilegítimas eram abandonadas pelas ruas, em locais urbanos. Por isso, em vista a resolver esse problema de crianças enjeitadas, copiou-se o modelo europeu da roda dos expostos.

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A roda dos expostos era um mecanismo utilizado para abandonar (expor na linguagem da época) recém nascidos que ficavam ao cuidado de instituições de caridade. O mecanismo, em forma de tambor ou portinhola giratória, embutido numa parede, era construído de tal forma que aquele que expunha a criança não era visto por aquele que a recebia.

Feitas de madeira era geralmente um cilindro oco que girava em torno de seu próprio eixo e tinha uma portinha voltada para a rua.  Sem ser identificada a pessoa deixava o bebê, rodava o cilindro de 180 graus que fazia a porta girar e ficar voltada para o interior do prédio. Depois se tocava uma campainha e logo após alguém (normalmente uma freira) recolhia a criança.

O Brasil foi o último país a acabar com a roda dos expostos, pois elas existiram no Brasil até final da década de 1950. A roda foi uma medida que “facilitava” o abandono de crianças concebidas fora do casamento, ou filhos de celibatários e libertinos, crianças que poderiam comprometer a “honra” de suas mães e por eram rejeitadas.

ADOÇÃO

 

Leis 

Ao longo dos ano leis que tratavam do tema da adoção foram se constituindo. Em 1927, criou-se no Brasil o primeiro “Código de Menores” da América Latina, conhecido como código de Mello Matos. E este apresentava noções de abandono e suspensão do poder familiar, diferenças entre menor abandonado e delinquente e uma dupla definição de abandono (físico e moral). No entrando, não contribuiu em nada ao tema da adoção e nem na diminuição do número de crianças abandonadas no país.

A a partir da Lei 3.133/57 a idade mínima do adotante foi reduzida para 30 anos, e a diferença de idade entre adotante e adotado também foi diminuída para 16 anos. E passou-se a permitir a adoção para quem já tivesse filhos legítimos, o que não acontecia antes. Porém, foi somente em 1979 com o novo “Código de Menores”, que ocorreu maior progresso em relação à adoção. Nesse novo código, admitia-se uma forma de adoção chamada simples (autorizada pelo juiz e aplicável aos menores em situação irregular), a adoção plena e a adoção do Código Civil (feita através de escritura em cartório, por um contrato entre as partes), essa modalidade de adoção também era chamada de “adoção tradicional ou civil”.

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Até que se chegou ao ECA (Estatuto da criança e do adolescente – 1990), que visa a proteção integral da criança e a busca de pais para crianças abandonadas, não filhos para pais inférteis. E também a e a nova lei de adoção (2010), que define a redução do tempo de permanência das crianças nos abrigos (máximo de dois anos) e busca melhorar o processo de adoção no país, facilitando para que crianças tenham a oportunidade de ter uma família ao invés de passar toda a infância em uma instituição.

O ECA objetiva a adoção com reais vantagens para a criança. Porém, nem sempre as leis são suficientes para uma real mudança de comportamento, pois a grande procura para adoção ainda é de bebês da cor branca.