Aprender a dizer não pode ser uma árdua tarefa e é uma questão ligada a diversos fatores. Saber se posicionar diante de uma situação significa ter atitude e personalidade. Porém, enquanto saber dizer não pode ser algo natural para a maioria das pessoas, para outras representa um verdadeiro ato de coragem, e até mesmo de sofrimento ou frustração.
Primeiro, é preciso entender o que aprender a dizer não significa para a pessoa, como explica a coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera de São Bernardo/SP, Sueli Cominetti Corrêa.
Esse “não”, diz ela, pode significar que ela vai frustrar ou decepcionar alguém, e a pessoa não quer isso; pode ser que ela tenha medo das consequências por não atender às expectativas dos outros; medo do confronto por ter dificuldade em contra-argumentar; medo de perder a admiração ou afeto de quem receberá o “não”.
De onde vem a dificuldade em aprender a dizer não
A dificuldade em aprender a dizer não pode ter muitas origens, mas, de acordo com Sueli, costuma estar relacionada ao nível de autoestima, segurança e também na confiança que a pessoa sente nas relações construídas com os outros.
“Há pessoas que não dizem o “não” porque não se sentem prontas para um confronto, outras entendem que devem aceitar as coisas e fatos como eles são, pagando o preço pelo seu silêncio. Crenças, educação, experiências anteriores são influências muito significativas na forma como a pessoa aceita ou rejeita situações”, completa a psicóloga.
Assim, conclui, a orientação é buscar o autoconhecimento para saber quando e como dizer “não”. O importante para o indivíduo, salienta Sueli, é entender quais são seus próprios critérios de posicionamento e confronto.
E tão importante quanto aprender a dizer não é saber dizer o “sim”. Concordar e discordar, ressalta Sueli, faz parte do viver e das relações humanas. Relacionar-se com os outros implica em exercitar o confronto e o diálogo.
Como aprender a dizer não
É na família que começam os exercícios das relações e são com os entes familiares que se aprende que concordar e discordar pode ocorrer independente do amor. O indivíduo aprende que é possível discordar, e ainda assim ser amado. “É na família que aprendemos que não podemos nos anular e nem tampouco sermos intransigentes”, comenta Sueli.
Mas se nas relações familiares e afetivas ficamos mais “à vontade” para falar algumas coisas, a polidez no ambiente de trabalho terá que ser maior. Será com mais tato e ainda mais argumentos que o “não” deverá ser oferecido e também aceito.
No caso de autoridades, diz Sueli, não ferir hierarquia, estar munido de dados atualizados e saber a hora certa de se posicionar em uma reunião farão a diferença. Ética sempre e, caso haja algum tipo de desrespeito ou assédio, o funcionário deverá procurar os caminhos de ajuda e denúncia.
Saber diferenciar o aprender a dizer não do pessimismo também é importante. Segundo a psicóloga, o “não”estará sustentado por argumentos e fatos. “O pessimismo, por crença no insucesso e no fracasso. Às vezes, dizer “não” será lutar para que algo dê certo. No pessimismo, não há luta, há entrega”, finaliza.
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