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Saiba quais são os riscos do uso do Tylenol e Paracetamol na gravidez

Por Redação Doutíssima 27/12/2013

gravidaUm estudo dinamarquês mostra que mulheres grávidas que tomam analgésicos leves (como aspirina e paracetamol), correm mais riscos de ter meninos com criptorquidia (os testículos não-descidos). Neste caso, o testículo não desce corretamente da cavidade abdominal, onde ele se desenvolve, para o escroto. As chances do bebê apresentar criptorquidia aumentam significativamente no caso das mulheres que tomam mais analgésicos, principalmente entre 8 e 14 semanas de gravidez. O estudo mostra que o risco aumentou 21 vezes no caso das mulheres que tomaram mais de um tipo de analgésico diariamente, durante mais de duas semanas, no período da gravidez. Todavia, os pesquisadores confirmam que a ingestão ocasional destes analgésicos não causa dano algum ao bebê, e sim o seu uso prolongado. O risco de ter um filho portador desta doença ainda é baixo, tomando ou não  estes analgésicos. Porém, esta descoberta pode ser uma explicação ao fato da doença ter se tornado mais comum nas últimas décadas.

O estudo acompanhou várias mulheres grávidas, e entre elas, 834 tiveram bebês do sexo masculino. Os pesquisadores identificaram as mulheres que ingeriram aspirina, paracetamol ou ibuprofeno durante a gravidez, e procuraram observar um aumento na probabilidade de que seus filhos tivessem criptorquidia.

Em 2001, entre todos os bebês do sexo masculino nascidos na Dinamarca, 8,5% apresentaram criptorquidia. No grupo de mulheres estudadas, a ingestão de qualquer analgésico multiplicou o risco de criptorquidia em 1,43. Porém, somente 42 dos 834 meninos nasceram com essa condição, e dos 42, as mães de apenas 27 tinham tomado analgésicos. As outras 249 mulheres que também ingeriram analgésicos tiveram meninos saudáveis. Logo, mesmo com uma pequena elevação do risco, a maioria das mulheres que tomou analgésicos deu à luz meninos saudáveis. Entre as mulheres que nunca tomaram analgésicos, 15 deram à luz a meninos com a doença.

A pequisa mostra que o risco aumenta se a dosagem dos analgésicos é alta ou se elas tomaram mais de um tipo de analgésico. As mães que ingeriram qualquer um dos analgésicos durante mais de duas semanas tinham um risco 2,47 vezes maior. Os pesquisadores defendem que o analgésico provoca esta doença pelo mesmo fator que faz a droga eliminar dores de cabeça – inibindo a síntese de prostaglandinas. A droga elimina a dor, o que diminui a produção da testosterona essencial para a formação saudável dos testículos em fetos do sexo masculino. Os pesquisadores realizaram experimentos dando doses de paracetamol a ratas grávidas, o que reduziu pela metade a testosterona  presente nos testículos de fetos de ratos.

Estes estudos mostraram que um comprimido de paracetamol de 500 mg elimina a testosterona em maior escala do que produtos químicos aos quais as mulheres são expostas em um ambiente natural. Para os pesquisadores, os analgésicos são a melhor explicação para o aumento de casos de criptorquidia de 1,8% em 1961 para 8,5% em 2001. Porém, eles explicam que mais pesquisas devem ser realizadas para que haja um estabelecimento dos efeitos dos analgésicos no desenvolvimento fetal. Enquanto isso, eles desaconselham a ingestão destes medicamentos durante o segundo trimestre da gravidez, pois é nesta etapa em que os testículos são formados.