Crianças com dificuldades na escola podem sofrer de transtornos de aprendizagem. Com tratamento a condição melhora, mas o sucesso depende muito de acompanhamento médico e psicológico e do apoio e compreensão da família.
O que são transtornos de aprendizagem
Transtornos de aprendizagem, segundo Cristina Melnik, psicóloga e mestre em Medicina pela UFRGS, fazem parte dos transtornos de neurodesenvolvimento conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
Crianças que possuem transtorno de aprendizagem precisam de apoio da escola. Foto: iStock, Getty Images
Não existe um padrão para as causas, mas Cristina comenta que há evidências de que aspectos biológicos, incluindo fatores genéticos, ambientais e interação social são a base para o surgimento de transtornos de aprendizagem.
“Alguns estudiosos afirmam haver falhas na interligação de regiões do cérebro que podem ter surgido na gestação”, informa a especialista.
Outro ponto importante para o entendimento do assunto é que há diferenças entre transtorno de aprendizagem e dificuldade. O segundo pode ser causado por fatores externos, como falta de oportunidade acadêmica adequada, problemas de visão não corrigidos, dificuldade de relacionamento com professores e/ou colegas, conflitos familiares e outros.
Quanto ao transtorno de aprendizagem, a psicóloga explica que são considerados três domínios dentro da área: o de leitura, o de matemática e o de expressão escrita. “A dislexia é um dos mais conhecidos e está associada a dificuldade de ler”, comenta.
Ela ainda cita a discalculia, transtorno de aprendizagem relacionado à matemática e a disgrafia, ou disortografia, quando há dificuldade na expressão escrita.
Transtornos de aprendizagem são tratáveis
Embora persistentes, Cristina afirma que há tratamento para esse transtornos “Diferentes profissionais podem e devem estar envolvidos nesse processo, tais como professores, psicólogos, psicopedagogos e médicos”. Ela ainda ressalta a importância da compreensão a apoio familiar.
Estar atento à criança é a melhor maneira de identificar possíveis transtornos de aprendizagem, principalmente quando há persistência de determinado comportamento.
“É interessante observá-la em relação a outras crianças no mesmo nível de desenvolvimento. Dificuldade para colocar letras e números em sequência ou incapacidade de ler palavras comuns monossilábicas ou de montar operações matemáticas simples podem ser sinais de alerta”, instrui a psicóloga.
Ela menciona casos em que as crianças não conseguem entender o que estão lendo, mas entendem perfeitamente quando escutam alguém explicando. Cristina diz que isso não significa que elas sejam preguiçosas ou estejam desinteressadas, mas que têm dificuldades neurológicas.
Lidar com os transtornos de aprendizagem exige dos pais e professores um comportamento compreensivo. Rotular, criticar e humilhar não ajudam em nada a melhorar a capacidade de aprendizagem de uma criança.
“Isso não vai fazer com que ela adquira as potencialidades para uma aprendizagem adequada e pode, pelo contrário, levar à diminuição da autoestima e desenvolvimento de comportamentos adversos”, instrui a psicóloga.
Ela comenta que focar nas conquistas é mais importante do que frisar as dificuldades. É possível pensar em métodos variados de avaliação na escola, como provas orais, brincadeiras e exercícios que estimulem o desenvolvimento.
Negligenciar um transtorno de aprendizagem ainda na infância leva a uma vida adulta complicada, em que o simples ato de ler o jornal ou calcular o troco ficam comprometidos. A autoestima prejudicada também influencia negativamente nos relacionamentos sociais e afetivos, podendo desencadear depressão.
A busca por informações e auxílio de profissionais especializados é a melhor maneira de ajudar uma criança com transtorno ou dificuldades de aprendizagem. Com o direcionamento correto, a infância e a vida adulta podem ser muito mais tranquilas.
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