Cada ser humano vive de acordo com alguns princípios e manias. Mas quando alguém tem sua vida regida por regras inflexíveis, horários rígidos e listas intransigentes, o perfil em questão é o de um perfeccionista. É importante saber identificar esse tipo de comportamento, pois ele pode indicar um sofrimento profundo.
A psicóloga Sonia Maria de Wallau esclarece que o perfeccionista é uma pessoa que acaba sofrendo com as características de sua própria personalidade, devido às cobranças que faz a si próprio. “Ele tem ansiedade em realizar suas atividades de modo demasiadamente perfeito, não admite seus erros e tem dificuldades em aceitar os erros dos outros”, explica.
Como identificar um perfeccionista?
Se o perfeccionista encontra dificuldades em lidar com seus próprios anseios, o mesmo ocorre com as pessoas em sua volta. De acordo com a psicóloga, essa pessoa contém um superego muito severo ou, em outras palavras, uma censura interna elevada. Isso pode acabar prejudicando o convívio.
“As pessoas encontram dificuldades reais em conviver com perfeccionistas, pois eles têm um grau de exigência muito alto nas tarefas executadas. A ansiedade deles só é estabilizada após a realização de suas atividades e, por isso, costumam ter baixa autoestima”, aponta a especialista.
Além disso, o perfeccionista tem a tendência de nunca estar satisfeito consigo mesmo. “Ele tem uma convicção de que só será aceito pelos outros se for perfeito, pois assim poderá se proteger de críticas, rejeições e desaprovações. Por isso, pode manifestar muita agressividade e culpa, apresentando grande dificuldade para lidar com a frustração”, enfatiza a psicóloga.
Saiba como lidar com o perfeccionismo
Segundo a leitura psicanalítica, o perfeccionismo está ligado à neurose obsessiva, que tem a ver com uma fase primitiva do desenvolvimento infantil, durante a resolução do Complexo de Édipo. “A consequência disso é um padrão de preocupação exagerada com questões de organização e eficiência”, revela Sonia.
É por isso que os perfeccionistas tendem a manter um envolvimento excessivo com seu trabalho, em detrimento de seu próprio lazer e de suas amizades, possuindo uma tendência ao isolamento. “Eles também costumam ser inflexíveis em assuntos de moralidade e ter relutância em delegar tarefas”, relata a especialista.
Quando o perfil rígido, detalhista e controlador do perfeccionista ultrapassa níveis toleráveis, é importante que a pessoa seja encaminhada para a terapia, onde poderá falar sobre seu sofrimento e suas demandas internas, com o objetivo de ressignificar sua história de afeto mal elaborado, que contribuiu para esse comportamento.
Segundo a psicóloga, todo ser humano tem alguns traços perfeccionistas. Mas quando essas atitudes começam a se tornar preocupantes e interferem nas relações humanas com os amigos, colegas de trabalho ou familiares, é importante procurar ajuda.
“O acompanhamento psicológico é muito importante, pois vai auxiliar o perfeccionista a ser mais feliz na hora de executar tarefas que exigem ordem e organização e, claro, no relacionamento familiar”, conclui ela.
Por isso, se você perceber que está exigindo demais de si mesmo ou de seus colegas, ou que não consegue encontrar satisfação na realização de tarefas e controlar a ansiedade diante de imprevistos, não hesite em procurar ajuda para aliviar esse fardo.
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