Será que o consumo do HCG para emagrecer seria a melhor escolha quando o objetivo é perder peso ? Parceiro do site Doutíssima, o médico Dr. Bruno Ramalho nos explica sobre assunto.
O apelo do emagrecimento é sedutor e muitas mulheres e homens submetem-se a tratamentos com promessas milagrosas em busca de um corpo perfeito. Afinal, esta é uma proposta da estética e, infelizmente, uma exigência em muitos círculos sociais. Isso sem mencionar o elo entre o peso ideal e a saúde, esse, sim, um argumento forte para o emagrecimento. Lembrando que este deve acontecer de forma saudável.
Muitos médicos e nutricionistas têm recomendado o uso da gonadotrofina coriônica humana – HCG – para pacientes que desejam emagrecer. Entretanto, nos últimos meses busquei inúmeras vezes dados científicos e posso lhes dizer que, entre os estudos existentes para a avaliação da eficácia da dieta HCG, encontramos apenas um demonstrando perda significativa de peso.
Nos demais, os pesquisadores documentaram perda de peso semelhantes entre mulheres que utilizaram HCG ou não, tendo sido elas submetidas a dietas tão restritivas que, sozinhas, justificariam qualquer emagrecimento.
Hcg para emagrecer: possíveis efeitos do uso
Práticas como essa são preocupantes já que não sabemos quais efeitos negativos o HCG pode trazer à saúde. Nos últimos anos, as publicações científicas sobre a dieta HCG têm relatado casos de trombose em membros e embolia pulmonar como possíveis complicações nas mais diversas idades. As conclusões costumam ser muito parecidas e todas convergem para a tese de que não existem informações suficientes de eficácia ou de segurança que autorizem o uso de HCG para emagrecimento.
Cabe dizer ainda que são poucos os estudos que avaliaram o uso da hcg em forma injetável, em dietas com restrição significativa de calorias. A dieta HCG, que se difunde hoje por aí utiliza outras formas farmacêuticas, como gotas, cápsulas ou comprimidos, sem que qualquer delas tenha sido conhecida e formalmente testada quanto a eficácia e segurança.
Por todo o exposto, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) divulgaram juntas, já em 2015, um documento no qual se colocam “frontalmente” contrárias ao uso de HCG para perda de peso.
E por quê um especialista em medicina reprodutiva haveria de se preocupar com esse assunto a ponto de querer opinar sobre ele? Inicialmente pela curiosidade e o desejo de entender por quê a hcg, que é um hormônio utilizado em tratamentos da infertilidade, estaria envolvida no processo de perda de peso. Mas hoje pela preocupação com a quantidade de mulheres que relatam adesão à tal dieta e pela consciência de que o aumento da sua popularidade implicará o aumento dos potenciais eventos adversos a ela associados, sem que se tenha sequer comprovado sua real eficácia.
A recomendação que deixo é a de não usar hcg, em qualquer forma, para perda de peso ou tratamento da obesidade, até que dados científicos sólidos dêem o devido respaldo para isso.
Dr. Bruno Ramalho
Dr. Bruno Ramalho atua há dez anos no tratamento dos distúrbios da fertilidade. Formou-se em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia e, depois, em Ginecologia e Obstetrícia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FMRP – USP). Também na FMRP – USP, especializou-se em Reprodução Humana, além de ter se tornado Mestre em Ciências Médicas. Possui Título de Capacitação em Reprodução Assistida pela ASBRA – Associação Brasileira de Reprodução Assistida. Hoje, concentra seus estudos no tratamento da infertilidade e na preservação da fertilidade de pacientes oncológicas (oncofertilidade).
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