O 2 de novembro, Dia de Finados no Brasil, é um momento para respeitar e dedicar homagens àqueles que já faleceram. Para muitos que não sabem como superar a morte, é uma ocasião bastante triste, pois relembra a dor da perda.
A escolha da data surgiu em virtude do Dia de Todos os Santos, em 1° de novembro, cuja crença religiosa acredita que, ao morrerem, todas as pessoas entram em estado de graça. O feriado nacional reúne pessoas para homenagens com flores, velas e missas para os que se foram.
Como superar a morte com hábitos simples
Segundo a psicóloga Cássia Cruz, a morte é um fenômeno encarado de diferentes formas, seja por vivências, cultura e religião – ou falta dela – que influenciam como vemos a passagem.
“Por se tratar da perda absoluta da presença, o rompimento do vínculo, a morte traz sofrimento, o que é natural e não deve ser mascarado. Ao contrário do que muitas pessoas pregam, a perda deve ser vivida, pois faz parte do processo de luto”, esclarece.
Para a profissional, por ser algo tão pessoal, é impossível prever como será a reação diante da perda de alguém significativo. Cássia afirma que falar sobre a morte ajuda-nos a pensar em nossas crenças sobre o tema.
“Essa reflexão nos prepara para o momento futuro, pois ao pensarmos é como se “ensaiássemos” e essa pode ser uma forma de lidar melhor com o fenômeno. As discussões devem ser estimuladas dentro da família, nos grupos religiosos, nos hospitais e dentro das escolas com crianças e adolescentes”, aconselha.
De acordo com a profissional, a negação é a maneira mais grave de lidar com a morte, pois aquele que nega passa a viver uma fantasia. “A negação não é consciente, é uma defesa psíquica que está além de nosso controle, mas com ajuda especializada e o carinho das pessoas próximas pode ser desconstruída”, frisa.
Aqueles que não sabem como superar a morte também optam por não tocar ou falar do assunto e seguir com a vida como se nada tivesse acontecido, ou até mesmo como se a pessoa falecida nunca tivesse existido. “É adoecedor, pois a aceitação faz parte do processo de luto, necessário para que com o passar no tempo a perda seja superada”, acrescenta.
A psicóloga destaca que o luto é um processo complexo e pessoal. Para a profissional, nossas emoções não respeitam o relógio, por isso é bastante difícil estabelecer um tempo de superação.
“Em linhas gerais, no luto de uma pessoa muito próxima, como amigo de longa data, cônjuge ou familiar, espera-se que dentro de um ano o enlutado já tenha retornado plenamente às suas atividades e consiga pensar no evento da morte de forma mais tranquila. A exceção está nas situações de pais que perdem os filhos, quando esse tempo pode ser estendido por até dois anos”, descreve.
Amigos e outros familiares podem ajudar
Muitas vezes, receber a notícia da morte de alguém é a parte mais difícil do processo. Conforme a psicóloga, é necessário preparar a situação para notícia, com cuidados mínimos, oferecer um lugar para a pessoa sentar, lenços, explicar tudo o que aconteceu até a morte, de forma clara e calma.
Nesse momento, a profissional ressalta que é comum que algumas pessoas fiquem abaladas emocionalmente de tal forma que não consigam sequer coordenar suas atitudes. “Família e amigos podem intervir oferecendo apoio e sustentando a dor, mostrando respeito e colocando-se à disposição. Em casos mais extremos, pode haver a necessidade levar para atendimento médico”, explica.
Segundo Cássia, o melhor a fazer por alguém em luto é mostrar-se disponível e respeitoso com a situação e os sentimentos. “Frases como “não chore, você precisa ser forte”, “pense somente naqueles que ficam” não contribuem para aliviar o sofrimento, e ainda geram culpa no enlutado”, afirma.
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