A perda gestacional pode acontecer de maneira silenciosa e sem deixar sequelas. Não é à toa que muitas mulheres confundem o sangramento com o ciclo menstrual desregulado. No lado emocional, no entanto, as marcas do aborto de repetição costumam ser mais profundas.
O que é aborto de repetição e suas causas
Segundo Frederico Corrêa, diretor do Centro de Reprodução Humana FertilCare e membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetria (Febrasgo), o aborto de repetição, recorrente ou habitual é definido como a perda de três ou mais gestações consecutivas com idade gestacional de até 20 semanas ou feto com menos de 500 gramas.
Além de tomar conhecimento do que é o aborto de repetição, descobrir quando aconteceu a perda gestacional também é importante. O abortamento pode ser classificado em precoce quando acontece até a 12ª semana e tardio entre a 12ª e a 20ª semana.
Esses aspectos ajudam no momento de identificar as causas. A perda precoce está relacionada a questões genéticas, imunológicas e até mesmo infecciosas. Quando se trata de uma perda tardia, no entanto, é possível que haja dificuldade de expansão, crescimento do útero e até alguma má-formação do colo do útero.
O aborto também não se restringe à idade em que a mulher se encontra quando engravida, embora a faixa dos 35 aos 39 anos costume ser mais crítica. O ginecologista Frederico Corrêa aponta diversos outros fatores como possíveis causas, que vão desde doenças endócrinas e alterações genéticas até a sífilis.
Contudo, ele ressalta que em mais de 50% dos casos não são identificadas as causas. Também há situações em que o abortamento ocorre por conta de alterações imunológicas, que levam a mãe a eliminar o feto porque seu organismo o reconhece como um corpo estranho.
Esse problema é chamado aloimune e pode ser tratado quando identificado. A pesquisa genética do casal é uma das maneiras se verificar a existência do problema. Quanto maior a compatibilidade genética entre os parceiros, maior o risco.
O ginecologista Edilson Ogeda, coordenador do Núcleo de Ginecologia, Obstetrícia e Perinatologia do Hospital Samaritano de São Paulo, ressalta ainda que a fragilidade do colo uterino também é uma das causas da perda gestacional.
É possível evitar o aborto de repetição?
Para Corrêa, é possível prevenir o aborto de repetição buscando acompanhamento médico, mantendo hábitos saudáveis, vacinas em dia, realizando consultas e exames pré-concepcionais.
O aborto não impede a mulher de engravidar e ter sucesso na sua gestação. Porém, Ogeda destaca que, dependendo da causa do abortamento de repetição, a gestante deve ser conduzida por um especialista. Ele vai ajudar o casal a definir possíveis causa, tratamentos, cuidados necessários e dar todo o acompanhamento antes e durante o processo.
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