A televisão brasileira acaba de perder mais um talento. Faleceu na última quinta-feira, dia 7, o ator Guilherme Karam, aos 58 anos. A causa oficial de sua morte ainda não foi divulgada, mas a principal hipótese é que tenha relação com a Doença de Machado-Joseph, uma síndrome degenerativa que traz severas consequências ao organismo.
A doença é hereditária dominante e pode afetar pelo menos três gerações de uma mesma família. A chance de transmissão de pai para filho é de 50%. Sem cura ou possibilidade de tratamento para interromper sua progressão, ela também vitimou a mãe e dois dos irmãos de Karam.
Entenda a síndrome que acometeu Guilherme Karam
Também conhecida como ataxia espinocerebelar do tipo 3 (ou SCA 3), a Doença de Machado-Joseph é causada devido à produção de uma proteína – chamada de ataxina 3 -, que causa um processo degenerativo no sistema nervoso. Deste modo, a pessoa afetada tem habilidades de movimento e coordenação comprometidas.
As áreas do sistema nervoso acometidas também dificultam a visão, a fala e a capacidade de deglutição. O sistema imunológico sofre alterações, fazendo com que o paciente fique mais propenso à pneumonia e outras infecções. Geralmente, ela se manifesta na idade adulta, por volta dos 35 a 50 anos. No Brasil, ela atinge uma a cada 100 mil pessoas.
Os sintomas iniciais da doença costumam ter relação com o equilíbrio e a coordenação motora. A pessoa começa a perceber dificuldades para caminhar ou segurar objetos. No início o quadro é leve, mas por se tratar de uma doença de caráter degenerativo, as manifestações evoluem para dificuldades na fala, visão dupla e outras complicações.
De maneira geral, os sintomas da Doença de Machado-Joseph são bem semelhantes aos do Mal de Parkinson. Diante dos indícios, portanto, é importante procurar ajuda médica para um diagnóstico assertivo. A síndrome pode ser identificada a partir de testes genéticos, exames de sangue e ressonâncias, que apontam a atrofia cerebral.
Tratamento da Doença de Machado-Joseph
A comunidade científica ainda não descobriu uma cura para a síndrome, mas há tratamentos que podem ajudar a aliviar os principais sintomas. Eles envolvem uma equipe multidisciplinar, com auxílio de fonoaudiólogos, fisioterapeutas, geneticistas e neurologistas. O propósito é monitorar a doença e melhorar a articulação e a coordenação.
Há ainda medicamentos que atuam sobre os sintomas fisiológicos da patologia. Eles ajudam a diminuir a rigidez dos músculos e a sensação de formigamento, por exemplo. Óculos também podem ser utilizados para melhorar a capacidade visual. Assim, o paciente consegue ter mais conforto.
Outro ponto importante é o acompanhamento psicológico. Como a doença não atinge a parte intelectual, o paciente percebe o que está acontecendo e nota como o corpo está ficando comprometido. Este quadro pode facilmente levar à depressão. Neste contexto, a psicoterapia também tem um papel relevante.
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