A leitura é um hábito saudável para todo mundo, não importa a idade. Se os pais quiserem incentivar seus filhos a ler, a dica é começar o mais cedo possível – de preferência ainda durante a gestação. Especialistas afirmam que, mesmo dentro da barriga, o feto já consegue sentir as vibrações emitidas e identificar a emoção das palavras, o que o ajuda a estabelecer um laço com a família e o ambiente externo.
Depois que o bebê nasce é importante continuar com a prática para incentivá-lo a se comunicar e entrar no mundo lúdico das histórias. Além de ajudar no desenvolvimento intelectual, a leitura reforça os vínculos de afeto da criança com os membros da família.
A Dra. Deborah Moss, neuropsicóloga, mestre em Psicologia do Desenvolvimento Humano (USP) e consultora materno-infantil, falou ao Fortíssima sobre a importância que ler para os filhos tem na rotina da família e na aprendizagem da criança. Veja suas respostas a algumas das principais dúvidas sobre o tema.
Por que é tão importante ler para os filhos?
“Se os pais estimulam a leitura desde que os filhos são pequenos, há grandes chance de eles se tornarem leitores e mostrarem interesse pelos livros – algo que tem se tornado cada vez mais raro devido ao fácil acesso aos jogos eletrônicos, celular, tablets ou televisão”, explica a neuropsicóloga.
É importante observar que os filhos sempre têm os pais como maior exemplo e, ao vê-los lendo seus próprios livros, a criança pode ser incentivada a continuar com o hábito na vida adulta. “Por isso o contato com o livro deve ser constante também para os pais”, complementa.
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Qual é o horário ideal para ler para as crianças?
Deborah aconselha escolher um momento calmo do dia, em que os pais possam se engajar na atividade sem pressa ou interrupções externas (incluindo possíveis notificações no celular). “Outra dica é os pais usarem a leitura como um ritual do sono do bebê antes de colocá-lo no berço. Para essa situação, é importante escolher livros que relaxam e acalmam. A leitura também é uma boa alternativa para quando os pais chegam cansados do trabalho e desejam acalmar o ambiente da casa em vez de promover atividades mais dinâmicas”, orienta.
A leitura fortalece mesmo o vínculo familiar?
“Claro que sim! Na hora de ler um livro todos deixam as outras atividades e preocupações de lado para criar um ambiente especial em que pais e filhos se unem e mergulham nas histórias, nas aventuras e nos personagens. Essa entrega é muito importante, pois é um momento puro onde circula afeto e ternura”.
Como escolher o livro para a criança?
A especialista conta que depende da faixa etária, das suas curiosidades, temas de interesse e também do momento que a criança vive. Por exemplo, se ela está com medo de algo, escolha um livro que fale sobre o assunto de maneira leve e que a ajude a sair daquele conflito. Assim ela ganha a possibilidade de pensar sobre suas dificuldades através de uma história e personagens fictícios.
Livros ajudam a entender sentimentos?
Não só a entender, mas também a expressar sentimentos: livros são aliados para que o filho converse mais e se abra com os pais sobre qualquer acontecimento, seja ele positivo ou negativo.Eles podem fazer referência a certas situações que a criança está vivendo naquela fase, seja medo, vergonha ou curiosidade. Se tiver a personalidade mais introvertida, aquelas páginas poderão facilitar sua expressão verbal.
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Como incentivar os filhos a lerem sozinhos?
“Isso pode começar a acontecer a partir do momento em que a criança começa a se alfabetizar. Nesse momento inicial, os pais podem ler juntos com a criança para ajudar na prática”, alerta Dra. Deborah.
Depois disso é importante começar a fazer uma transição: em vez de somente os pais lerem para o filho, a criança deve ser incentivada a ler para os pais, até chegar a um momento em que eles diminuam a prática de ler juntos. As conversas sobre livros, no entanto, devem continuar! Com o tempo, os pais podem comentar sobre suas leituras com os filhos e vice-versa.
Além disso, é importante que os pais, além de deixar a criança escolher suas leituras, comecem a introduzir aos poucos livros mais elaborados para que aquelas novas histórias e linguagem comecem a fazer parte do seu cotidiano. Segundo Deborah, esse é o segredo para criar um bom leitor.