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Bruxismo de vigília pode ser causado por estresse e ansiedade

Por Francine Costanti 17/07/2019

Embora seja comumente associado à ação de ranger os dentes durante a noite, o bruxismo também pode acometer as pessoas durante o dia. Chamado nesses casos de bruxismo de vigília, o hábito envolve apertar os dentes ou até mesmo tensionar a mandíbula sem promover contato dentário, de forma inconsciente, enquanto se está acordado. 

O bruxismo do sono é pouco frequente numa noite e dura em média entre 8 e 9 minutos numa noite de 8 horas, enquanto que o bruxismo de vigília pode se estender por muitas horas durante o dia. 

Dr. Alain Haggiag, cirurgião dentista e diretor clínico da LIVA, tira dúvidas sobre o hábito que atinge 80% da população mundial, mas apenas 20% têm consciência dele e procuram tratamento. 

Bruxismo de vigília acomete pessoas durante o dia de forma inconsciente, enquanto se está acordado. Foto: iStock

Fortíssima: A partir de que idade o bruxismo de vigília pode se manifestar?

Dr. Alain Haggiag: Pode aparecer em todas as idades, mas é mais comum em período de estresse, ansiedade e concentração. No adolescente, costuma ocorrer durante o período de provas escolares ou vestibular. Mas é na faixa de 30 a 50 anos que mais pessoas são acometidas, principalmente as mulheres (que são 65% dos pacientes).

Quais são os primeiros sintomas?

Dores na região da face, na lateral da cabeça (têmporas) e na nuca e sensações desagradáveis nos ouvidos (zumbido, sensação de ouvido tampado). A pessoa pode apresentar sensibilidade e dor nos dentes, bem como marcas de dentes nas bochechas internas.

Quais são as causas do bruxismo de vigília?

Podemos citar a tensão, ansiedade, estresse, concentração, hábitos como roer as unhas, mascar chiclete. Em alguns casos, o problema pode estar relacionado a distúrbios neurológicos como Parkinson e paralisia cerebral. E certos remédios antidepressivos, álcool e nicotina também parecem estar ligados ao aparecimento do bruxismo.

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Como esse problema pode afetar a pessoa no dia a dia? 

Principalmente pela dor de cabeça e facial que ele provoca. Por ser inconsciente, a maioria dos pacientes só identificam esse hábito depois de muitos anos, provocando sensibilização do sistema nervoso central e o levando a ser mais suscetível à dor. 

Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico baseia-se essencialmente na realização de um exame chamado eletromiografia, que detecta a atividade dos músculos faciais do paciente. Tradicionalmente, o diagnóstico do bruxismo de vigília se restringia a uma pergunta que o dentista fazia ao paciente:  “você aperta os dentes durante o dia?”. 

O problema é que o bruxismo de vigília é inconsciente, então o paciente não o percebe e a resposta à pergunta fica muito inconsistente. Mais de 80% dos pacientes portadores de bruxismo de vigília respondem negativamente à pergunta. 

Como é o tratamento para o bruxismo?

Para tratar do problema, o paciente deve procurar um dentista especialista em dor orofacial e disfunção da ATM (problemas nos músculos da mastigação).

O bruxismo de vigília não é uma doença, mas sim um “comportamento”. Primeiro, a pessoa precisa se conscientizar deste hábito, controlá-lo e revertê-lo para finalmente se reeducar. As técnicas de biofeedback são as mais indicadas hoje – trata-se de uma abordagem terapêutica sem remédio, não invasiva e totalmente reversível, sem contraindicação. 

Um exemplo é o sistema LIVA, no qual se utiliza um dispositivo intraoral (DIVA) que monitora mecanicamente e em tempo real os apertamentos dentários diários e inconscientes, ajudando o paciente a se conscientizar e reverter o hábito.

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É possível evitar o bruxismo de vigília?

O indicado é que a pessoa tente controlar o estresse, a ansiedade, os hábitos de roer as unhas, mascar chiclete e apertar objetos com os dentes. Isso pode afastar as chances de desenvolver o bruxismo.