Já ouviu falar sobre bartolinite? O acúmulo de líquido seguido de inflamação em uma ou ambas as glândulas de Bartholin atinge 2% das mulheres de 19 a 40 anos em período fértil e ocorre na entrada da vagina, onde estão essas glândulas responsáveis pela lubrificação da região. A obstrução pode ser infectada por bactérias e dar origem a um nódulo extremamente doloroso.
Veja a seguir o bate-papo do Fortíssima com o Dr. Alexandre Pupo Nogueira, ginecologista obstetra e membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, que respondeu algumas das dúvidas mais comuns sobre o problema.
Fortíssima: Quais são as causas da bartolinite (às vezes grafada como “bartholinite”)?
Dr. Alexandre Pupo Nogueira: A causa mais comum é infecção por bactérias como clamídia ou gonococos (causador da gonorreia), duas doenças sexualmente transmissíveis. Mas bactérias de pele ou do intestino também podem ser responsáveis – e muitas vezes a causa pode ser o contato das fezes com a parte genital.
Quais são os sintomas da inflamação?
Os primeiros sintomas são a percepção de um caroço espesso na entrada da vagina, no lado direito ou esquerdo. Com o passar dos dias, a glândula vai crescendo gradativamente e acumulando pus em seu interior, o que leva à formação de um abscesso. Os principais sintomas são dor ao caminhar e durante a noite de sono, por conta do atrito entre as pernas, além de vermelhidão e inchaço local.
Qual o tratamento mais comum para a bartolinite?
Geralmente, em alguns dias (no máximo uma semana), o nódulo pode se drenar naturalmente – ou seja, o pus é extraído sozinho do local. Caso persista por mais tempo, a paciente deve se consultar com um ginecologista que irá indicar um antibiótico adequado para o tratamento. Em casos de urgência, o médico pode drenar o pus ali contido, mas mesmo assim é preciso usar antibiótico posteriormente para sanar o problema.
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Por que há pessoas que dizem que a bartolinite não tem cura?
A glândula de Bartholin possui um ducto muito longo e uma saída muito estreita no final deste ducto. Isso faz com que qualquer processo inflamatório ali provoque o fechamento dessa saída e, a partir daí, a glândula começa a acumular secreção. Consequentemente, as bactérias que ali se instalam passam a promover a formação de um abscesso.
Como essas bactérias se instalam no interior da glândula, onde há pouco fluxo de sangue, o antibiótico não chega ali – o que leva a episódios de repetição da infecção em um prazo de tempo muito curto. Isso pode dar a falsa impressão de que a doença não se cura, mas não é verdade. Nos estágios iniciais, o uso de antibiótico muitas vezes resolve o problema.
Porém, quando já temos o cisto formado e as infecções passam a ocorrer com frequência, pode haver a necessidade de se abrir um novo caminho para as secreções da glândula através de uma técnica de marsupialização. Quando isso não resolve o problema, o médico pode ter que remover cirurgicamente a glândula toda.
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Quais cuidados íntimos devemos ter para evitar o problema?
Os principais cuidados são evitar relação sexual desprotegida e manter boa higiene da área íntima. Evite também fazer a higiene da vagina de trás para a frente, pois há maior risco de contato com as fezes – o correto é de frente para trás. Basicamente, se a pessoa não se infectar por clamídia ou gonococos e não tiver infecção por bactérias intestinais ou de pele na região genital, não terá bartolinite.