Se você nem sempre reconhece a sua imagem no espelho – e tem muitos problemas por não distinguir pessoas que já viu muitas vezes -, pode ser portador da prosopagnosia. A doença faz com que o cérebro não seja capaz de identificar rostos e causa alguns transtornos.
Essa é uma daquelas doenças que geralmente entra em listas dos distúrbios mais estranhos descobertos pela medicina. Já apareceu no filme Visões de Um Crime (Faces in The Crowd) e também no livro Barba Ensopada de Sangue, do autor brasileiro Daniel Galera.
A confusão é grande: através do reconhecimento do rosto, é possível identificar as pessoas da família, do convívio social, do trabalho e de outras relações. Mas a face também revela muitas coisas, até sobre desconhecidos: idade, etnia, gênero, sentimento através das expressões e outros.
Prosopagnosia: incapacidade de reconhecer faces
O Ministério da Saúde descreve a doença como a inabilidade de reconhecer um rosto familiar ou aprender a reconhecer novas faces. O surgimento da condição está ligado a lesões em áreas específicas no cérebro ou, na maioria dos casos, pode ser um distúrbio congênito.
Estima-se que 2% da população mundial sofra com a prosopagnosia. A British Psychological Society (Sociedade Britânica de Psicologia) informa que o transtorno foi documentado pela primeira vez na década de 1940 em pacientes com danos cerebrais, mas por muito tempo foi considerada uma condição que só aparecia após lesões.
Portadores de prosopagnosia têm problemas severos na identificação de pessoas, seja da família (pais, filhos, esposa ou esposo, amigos) ou qualquer indivíduo comum. A falha no reconhecimento é diária, inclusive na frente do espelho.
As pessoas podem ter outros problemas de reconhecimento, como lugares, objetos e pertences pessoais. Em um artigo de 2010 para a revista norte americana The New Yorker, o neurologista Oliver Sacks descreve algumas das dificuldades que já enfrentou por causa da doença.
O médico menciona que gosta muito de andar de bicicleta, mas que precisa se ater sempre aos mesmos trajetos para não se perder. Apesar da vontade de explorar e conhecer novos lugares, ele só pode fazer isso se estiver acompanhado. Caso contrário, não consegue retornar para sua casa, local que ele nem sempre reconhece à primeira vista.
O Centro de Pesquisa de Prosopagnosia da Universidade de Bournemouth, no Reino Unido, ainda explica que alguns espectros de autismo estão ligados à dificuldade de reconhecimento facial.
A entidade alerta que muitos portadores da condição são diagnosticados de maneira equivocada como autistas ou com problemas de socialização quando, na verdade, a pessoa evita convivência social pelo constrangimento de não reconhecer ninguém.
Prosopagnosia tem tratamento?
Infelizmente, a doença ainda não pode ser revertida, mas há pesquisadores desenvolvendo, testando e investigando maneiras de melhorar o processo de reconhecimento de faces em casos de prosopagnosia.
Atualmente, pessoas identificadas como portadoras dessa condição focam em desenvolver maneiras de compensar a incapacidade de reconhecer as pessoas. São estratégias que focam em outras características para conseguir identificar e distinguir indivíduos.
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