O termo natimorto é usado para designar bebês que morrem durante a gestação ou no momento do parto. A perda gestacional, seja nos primeiros meses de gravidez ou ao dar a luz, traz muito impacto emocional para os pais e familiares envolvidos na espera por um novo membro.
Todos os natimortos precisam ser registrados em uma certidão de óbito, onde pode contar, inclusive, o nome escolhido pelos pais. Há indícios de que identificar a criança que não veio ao mundo pode ajudar a superar o luto.
Natimorto: como lidar com a perda
Cada família e casal reagem de uma maneira diferente à descoberta de um natimorto, segundo a psicóloga clínica Lisane Luz Pacheco, especialista em transtornos do desenvolvimento na infância e adolescência.
A variação das reações tem muito a ver com a idealização de um bebê e com as expectativas geradas durante o período e até mesmo antes, desde o momento de decisão entre o casal em gerar um filho.
Desde antes de ter um relacionamento sério, de concretizá-lo, de ser pai ou mãe, efetivamente, já existe, muitas vezes, o desejo de se reproduzir. O impacto da perda também tem a ver, segundo a especialista, com os pais que alguém teve e o tipo de figura que quer ser para os filhos.
A perda gestacional é dolorosa em qualquer fase da gravidez. “Porém, acredito que o impacto seja diferente a cada estágio, pois quanto mais avançada estiver a gestação, mais expectativas, sonhos, idealizações foram gerados em torno desse bebê”, comenta Lisane.
Ao avançar da gestação, os pais descobrem o sexo, decidem nome, aumentam cada vez mais o enxoval. Lisane acredita que quanto maior o envolvimento, que é natural, maior é a necessidade de elaborar o luto de um natimorto e da gestação que não foi até o final.
Superação da perda
Todas as perdas apresentam um desafio de superação. A psicóloga enfatiza que não é fácil passar por esse momento, mas que iniciar um tratamento de psicoterapia e conversar com o obstetra para entender as possíveis causas da perda são passos iniciais.
Entender o que deu errado pode ajudar a identificar a necessidade de algum tipo de tratamento ou prevenção caso o casal tenha o desejo de tentar uma nova gestação. Isso também pode auxiliar na superação de sentimentos de culpa e negação.
Lisane diz que não há um comportamento padrão, mas que são comuns a depressão e o choro excessivo por parte dos pais. O momento delicado pode comprometer a vida do casal, sendo a psicoterapia o caminho mais recomendado para lidar com a situação.
Em casos mais graves, a psicóloga recomenda combinar as sessões de psicoterapia com remédios recomendados por um psiquiatra.
Além da perda, é preciso lidar com os objetos remanescentes do planejamento de um filho. A psicóloga ensina que não há um momento certo de desfazer o enxoval e passar adiante roupas e utensílios do bebê, mas que com o luto elaborado e entendido, fica menos difícil. Ela ressalta que respeitar o tempo de cada um é fundamental.
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