Embora o tema cause controvérsias, médico afirma que o estrogênio sintético altera a as células que revestem as paredes dos vasos sanguíneos. Assim, as pílulas anticoncepcionais seriam um grande problema.
Não se sabe exatamente de que forma os anticoncepcionais hormonais interferem na circulação, mas diversas pesquisas comprovaram que as pílulas aumentam o risco de tromboembolismo venoso, acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio. “No entanto, o assunto desperta controvérsias, já que há também publicações que refutam a associação destas pílulas com o surgimento dessas doenças”, enfatiza Luiz Marcelo Aiello Viarengo, angiologista e cirurgião vascular.
De acordo com o especialista, o fator mais evidente que liga o uso da pílula ao risco de trombose venosa e problemas cardiovasculares está relacionado às células endoteliais, que revestem as paredes dos vasos sanguíneos. “Elas exercem um papel relevante na formação da trombose e aterosclerose (doença que atinge as artérias, provocando um déficit sanguíneo aos tecidos). “Há evidências de que o estrogênio sintético, encontrado nas pílulas anticoncepcionais, altera a função endotelial”, conta. Na opinião dele, este é o evento pro trombótico mais significativo das pílulas e afeta não só as veias, como também as artérias.
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Além disso, estas pílulas combinadas, particularmente as de terceira geração (novas pílulas desenvolvidas depois da década de 60), estão associadas a um aumento de vários fatores pro-coagulantes no sangue, que afetam todo o sistema hemostático (sistema que evita a perda excessiva de sangue).
Segundo Viarengo, o risco de tromboembolismo venoso é maior em mulheres que usam pílulas combinadas de terceira geração. As pacientes que não usam pílulas apresentam um risco absoluto de apenas um caso a cada dez mil mulheres por ano, já entre as que usam o número pode chegar a seis casos. Mas o risco de desenvolver a doença devido à gestação é ainda maior. “Estudos mostraram que a cada dez mil mulheres, cerca de oito a dez delas podem ter trombose venosa desencadeada pela gravidez”, afirma.
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Outra preocupação recorrente das pacientes é que os hormônios sexuais sintéticos podem funcionar como um estímulo para a formação de “vasinhos”. Mas, de acordo com o cirurgião vascular, isto depende de inúmeros fatores, entre eles, a predisposição genética. O mais importante é que o uso de pílulas anticoncepcionais não deve ser iniciado sem uma avaliação e orientação de um ginecologista, que é o profissional habilitado e capacitado para avaliar os riscos e benefícios do uso destes medicamentos. “Qualquer remédio sob orientação médica é infinitamente mais seguro que a automedicação”, destaca o profissional.
Pílulas e cigarro: uma combinação perigosa
O uso de pílulas anticoncepcionais pode causar uma disfunção nas células endoteliais, que formam uma camada que reveste a parede interna do vaso. “Essa camada funciona como uma lâmina isolante entre o sangue e a camada muscular do vaso, que é extremamente trombogênica”, explica Luiz Marcelo Aiello Viarengo. Além disso, estas células secretam inúmeras substâncias que controlam a musculatura dos vasos e que participam de etapas importantes para manter o equilíbrio e a fluidez do sangue. “O cigarro, entre inúmeros outros efeitos maléficos que produz, também possui substâncias que interferem na função endotelial, favorecendo a trombose e aterosclerose”, completa o médico.
Portanto, a associação desses dois fatores aumenta significativamente o risco dessas doenças. Ele enfatiza que os anticoncepcionais hormonais devem ser usados com critérios extremamente rigorosos ou ser contra-indicados em mulheres com história de trombose venosa e embolia pulmonar, com trombofilias (estados pro-coagulantes causados por alterações sanguíneas congênitas ou adquiridas), tabagistas, pacientes com câncer, que serão submetidas a determinadas cirurgias de grande porte, entre outros fatores que deverão ser cuidadosamente analisados por um médico.
Sobre o Dr. Luiz Marcelo Aiello Viarengo – CRM 73413
Doutor em Cirurgia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, possui título de Especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Além disso, é especialista em Ecografia Vascular com Doppler pela SBACV e Colégio Brasileiro de Radiologia.
Com residência Médica em Cirurgia Geral e Cirurgia Vascular pelo HSPE- IAMSPE SP, possui também Habilitação em Cirurgia a Laser pelo Middlesex Hospital, de Londres. É membro da SBACV (Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular), da SBLMC (Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia) e da International Society for Endovascular Specialists.