As taxas de recaída da esclerose múltipla (EM) têm uma redução de 70% nos últimos três meses de gestação, revelou um estudo publicado pela Sociedade Americana de Neuroterapia Experimental.
Isso acontece devido à imunomodulação da mãe durante o período. Neste período, seu corpo passa a ter um controle natural das reações imunológicas justamente para proteger o feto em desenvolvimento.
A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM) lembra que esta é uma doença crônica e para a qual ainda não existe cura. Ela pode causar diversos sintomas, incluindo perda da visão, dor, fadiga e comprometimento da coordenação motora.
Sua gravidade e duração variam. Algumas pessoas podem passar quase a vida inteira sem apresentar sinais, enquanto outras sofrem mais. No Brasil, em torno de 35 mil indivíduos são afetados pela doença.
Medicação e gravidez
Uma das maiores dúvidas, atualmente, é quanto ao uso da medicação em mulheres grávidas. A neurologista Yara Dadalti Fragogo, coordenadora do Centro de Referência em Esclerose Múltipla da DRS IV – Secretaria de Saúde de São Paulo, publicou um artigo explicando que a situação ideal seria um início de gestação com a mãe livre de surtos pelo menos dois anos antes.
Além disso, o desejável seria parar totalmente com a medicação de uma paciente que queira engravidar. Isso para que o processo de concepção aconteça o sem efeito de nenhum remédio. Contudo, nem toda gravidez é planejada. Em alguns casos, a paciente não está estável o suficiente para ficar sem tratamento enquanto tenta uma gestação.
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De maneira geral, a grávida com esclerose múltipla tem que parar com as medicações, pois os surtos diminuem de forma significativa durante o período. A paciente, porém, precisa estar ciente de que o risco não é zero. Isso porque existem casos que são mais difíceis de controlar.
“Cabe ao médico neurologista utilizar medicamentos conhecidos há mais tempo e relatados como sendo seguros na gravidez. Nenhuma medicação é ideal nesta situação, mas existem tratamentos de baixo risco que podem ser utilizados se for necessário”, ressalta a especialista em seu texto.
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Sua recomendação pessoal para a paciente com esclerose múltipla que planeja uma gravidez ou que engravide sem intenção é usar medicamentos de baixo risco para o feto. “Não creio que seja adequado que a mulher permaneça sem tratamento para uma doença neurológica crônica e potencialmente grave por meses a fio, enquanto tenta engravidar”, diz.
Por fim, o risco de ter surtos de esclerose múltipla aumenta nos primeiros meses após o parto. “A amamentação exclusiva, por outro lado, parece proteger a paciente dos surtos nesse momento inicial de sua vida ao lado do bebê”, diz.