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Crianças transgênero: saiba como acontece e aprenda a lidar

Por Redação Doutíssima 19/06/2013

A criança transgênero apresenta uma forte identificação com o gênero oposto e sofre com um persistente desconforto com relação ao próprio sexo, além de apresentar insatisfação e inadequação com o papel social desse sexo.

De acordo com uma entrevista para a BBC, a fundação Tavistock and Portman NHS Trust, localizada em Londres e especializada em saúde mental, define a disforia de gênero em crianças e jovens como “uma condição rara e complexa onde existe incongruência entre o gênero percebido pelo jovem e o sexo biológico”.

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Caso perceba a inconformidade com a questão de gênero, não reprima a criança. Foto: iStock, Getty Images

Criança transgênero e convívio

Uma pesquisa mais recente realizada pela Escola de Medicina da Universidade de Boston afirmou que existem explicações biológicas para uma pessoa ser transgênero, mas os pesquisadores sugeriram que fossem feitos mais estudos a respeito do assunto.

Em 2013, os pais de Lulu, nascida Manuel, conseguiram a autorização da Justiça argentina para que Lulu pudesse trocar de identidade. Manuel foi o primeiro caso registrado naquele país.

Mas a realidade não é nada simples. A transição de gênero pode ser muito traumática tanto para a criança quanto para a família, principalmente com a chegada da puberdade. É nesse período que as transformações do corpo ficam mais evidente e o desconforto da criança tende a crescer.

Em abril de 2015, a BBC Victoria Derbyshire relatou o caso das meninas Lily e Jessica (nomes fictícios escolhidos pelas crianças), transgêneras da Grã-Bretanha. Por não serem aceitas por seus colegas de escola, as meninas chegaram ao ponto de não beber água na escola para usarem o banheiro apenas quando chegassem em casa. A vida de uma criança transgênero pode ser muito difícil e marcada por muitos problemas de convívio.

A fundação Tavistock and Portman NHS Trust não considera adequado dar um diagnóstico para uma criança, pois consideram muito cedo. Por isso, os especialistas monitoram o caso por um tempo. No fim, a família e a criança são encaminhados para acompanhamento e sessões de apoio e só quando a criança chega a puberdade, se necessário, é que são introduzidos bloqueadores de hormônios e intervenção cirúrgica.

Segundo a revisão de Loius Goren, da The New England Journal of Medicine, em 66% dos transsexuais, a contradição e insatisfação referentes ao próprio sexo e imagem se instalam na infância.

O casal hollywoodiano Angelina Jolie e Brad Pitt estão procurando especialistas para ajudarem a sua filha biológica, Shiloh. Os pais se mostram preocupados em fazer com que a filha sinta-se bem consigo mesma. É exatamente isso que psicólogos aconselham que seja feito.

Quando se deparar com essa questão, não reprima a criança. Seja corajoso e esteja ao lado dela. Procure apoio e aconselhamento psicológico tanto para a família quanto para o pequeno. A pergunta “onde foi que eu errei?” vai aparecer em alguns momentos, mas tenha em mente que não existe esse erro. 

Transgêneros com visibilidade

De Thammy Miranda à Lea T., a internet tem feito com que pessoas transgêneros ganhem voz e contem suas histórias de vida.

Lea T. é filha do jogador de futebol Toninho Cerezo. A modelo e estilista nasceu como homem, mas trocou de sexo em 2012. Já para os fãs de séries, a atriz Laverne Cox, de Orange Is The New Black, é uma transsexual que interpreta a personagem, também transsexual, Sophia.

O ator Thammy Miranda lançou seu livro de memórias na Bienal do Rio de Janeiro, em 7 de setembro deste ano. Na obra, Thammy fala como foi a sua relação com a mãe Gretchen na adolescência, antes de se assumir como transgênero.

 

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