Em 2006, um estudo mostrou que as pessoas obesas possuem um sistema bacteriano diferente do resto da população. As bactérias em seus intestinos eram menos numerosas e diferentes das encontradas nos intestinos da maioria das pessoas sem excesso de peso.
Agora, com base nesta observação, os pesquisadores da Universidade Católica de Leuven aumentaram a taxa de bactérias nos intestinos de ratos obesos para ver se eles perderiam peso. O resultado foi publicado na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências, e é animador: sim, os ratos perderam peso.
Quanto à realização do estudo, os pesquisadores primeiro impuseram uma dieta rica em gordura (2 a 3 vezes superior que a de um rato normal) para fazê-los engordar.
A segunda etapa foi administrar a bactéria “akkermansia muciniphila” aos ratos que estavam obesos. Consequência: eles ainda eram maiores do que os ratos normais, mas havia perdido metade de seu excesso de peso, mesmo ainda sendo alimentados pela mesma dieta rica em gordura.
Além disso, o índice de resistência à insulina (hormônio regulador de gordura e de açúcar) tinha decrescido. Este nível de resistência é um dos principais sintomas de diabetes.
Mas, como explicar uma mudança dessas no metabolismo? As bactérias funcionam como um cimento que engrossa a mucosa do interior dos intestinos, tendo o efeito de interromper o curso de certas substâncias entre os intestinos e o sangue e formando assim, a massa. O professor Patrice Cani, que participou do estudo, disse:
“Esta é a primeira vez que pudemos demonstrar uma ligação direta entre uma espécie particular de bactérias e o fortalecimento do metabolismo.”
De acordo com os pesquisadores, a descoberta é importante pois mostrou como apenas uma bactéria, entre as milhares presentes no corpo humano, pode ter uma grande influência sobre o metabolismo.
E o que acontece com o corpo humano? Será que logo vamos fazer medicamentos com base em “akkermansia muciniphila” para reduzir a obesidade? Este é um primeiro passo, de acordo com Patrice Cani para os quais tal tratamento pode ser vendido “no futuro próximo.” Colin Hill, um microbiologista da Universidade de Cork (Irlanda) é, entretanto, mais pragmático: “Eu não acho que podemos comer bolos de creme e salsichas e batatas fritas todos os dias e, em seguida, cancelar o efeito comendo bactérias “, disse ele.
No entanto, Colin Hill acredita que esta pesquisa ajudará a entender exatamente o que acontece nos intestinos para dar conselhos melhores para as pessoas que procuram perder peso.
Fonte: huffingtonpost.fr