Filhos

A escola nos moldes antigos funciona hoje?

Por Rafaela Monteiro 17/10/2013

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Observamos o enfraquecimento dos laços humanos na contemporaneidade, e a influencia da cultura do consumo nas relações interpessoais. Com isso, tem-se  determinado  reflexo também na escola, que sofre as conseqüências  dessa realidade das relações humanas modernas.

Verificamos hoje nas escolas as conseqüências da nossa sociedade, seus reflexos e valores. Assim como a descaracterização da infância nos tempos modernos e a dificuldade dos pais e educadores de lidar com questões sobre educação e limites. Todo esse contexto, afeta, por sua vez, as estruturas da escola em si, dificultando as relações entre pais e filhos e professores e alunos.

 

O  espaço escolar

A escola pode ser entendida como espaço sócio-cultural no qual o estudante é autor e sujeito do mundo. Segundo o cientista social brasileiro, Dayrell Juarez, a teoria sobre o assunto ressalta que “são as relações sociais que verdadeiramente educam”, isto é, formam os indivíduos em suas realidades singulares e mais profundas. Nenhum individuo nasce homem. Portanto, a educação tem um sentido mais amplo, é o processo de produção de homem num determinado momento histórico.

Outra perspectiva que pode ser observada tanto na prática como na teoria foi a tendência que as instituições escolares têm de normatizar suas práticas. Os problemas são naturalizados; a norma vigente busca padronizar e nivelar pessoas.  Os estereótipos e categorias são definidos, traçados. Tem-se um padrão a seguir, um valor a representar, e todos tem de ser encaixados em uma norma, independente de quem seja, de sua história, de sua individualidade, de sua vida em geral.

A escola não olha sujeitos que se constituem como sujeitos, que tem uma história particular, que tem uma vida, um caminho que foi percorrido e que os fez quem são. Não existe um olhar para a constituição da subjetividade inerente a cada ser humano particular, não se enxerga os sujeitos como  diferentes e peculiares dentre os muitos alunos que chegam para a escola ensinar e educar.  E dessa forma, é difícil não construir diagnósticos e categorias, pois difícil é encaixar pessoas diferentes dentro de uma mesma forma.

 

Escola X contemporaneidade

Relacionando a realidade escolar a realidade da sociedade contemporânea que a permeia, podemos afirmar que as relações de produção e de consumo, que estão permeando as relações sociais como um todo, trazem mudanças nas relações entre crianças e adultos. Mudanças na produção de subjetividade das crianças devido a grande influência que a mídia e a cultura do consumo tem hoje.

As crianças e adolescentes de hoje são afetados pela cultura do consumo e suas relações são transpassadas  pela  realidade imposta pela mídia e pela sociedade.

O que acontece atualmente é um enfraquecimento do diálogo, que seria algo fundamental no processo educacional. Os adultos não sabem bem como fazê-lo quando se referem a educar seus filhos. E quando o assunto é tal questão não sabem como se colocar. Dessa forma, tal missão acaba sendo imposta a escola e seus educadores, que além de passar dado conhecimento cientifico, recebem também a responsabilidade de passar educação em um sentido geral para seus alunos.

 

Mundo da tecnologia

As crianças se encontram totalmente permeadas pela tecnologia, já que nascem em um mundo onde artefatos como a televisão, computador, rádios e afins, estão presentes o tempo todo, direcionando seu modo de agir, de pensar, de viver. Essas crianças então não se interessam mais pelo modelo de escola existente, pois este não atrai essa geração.

Difícil missão se torna educar e ensinar dentro desse contexto, para esta que é literalmente encarregada desse papel, e que de certo modo, não é “vista” como interessante para tal.

Assim, dentro desse mundo audiovisual tão forte e predominante, a escola permanece a mesma de antes, a mesma de anos atrás, quando as crianças não eram permeadas por tais fatores. O que aconteceu foi que o “mundo” mudou, mas a escola não. Por isso, a escola não se faz atraente e interessante para uma infância imersa nessa cultura atual, de certa forma empobrecida material e simbolicamente. A escola hoje necessita de uma transformação para que possa então exercer, de forma “atualizada”, seu papel educador.