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Pergunta do leitor: Doutor, o “cantinho para pensar” realmente funciona com as crianças?

Por Leonardo Duart Bastos 31/10/2013

castigo

 

Uma mãe leitora do Doutíssima nos enviou uma questão muito interessante e pedimos para o nosso psicólogo analisar:

PERGUNTA:

“Olá, queria saber sobre o “cantinho” pra pensar. Funciona? Por quê? Com q idade? Em que situação? Eu já li e ouvi que funciona e também que não funciona. Queria ver a opinião do psicólogo porque em casa eu e marido estamos discordando. A Bia, nossa filha, tem 3 anos e 8 meses”

 

RESPOSTA DO DOUTOR:

Queremos sempre oferecer uma boa educação para nossos filhos. Saber quando devemos dar limites e quando devemos dar afeto é o grande segredo para isso.

Dentre as estratégias educativas, existe o “cantinho para pensar”, trata-se de um tipo de sanção dada à criança diante de um comportamento não desejado, por um tempo suficiente para que a criança perceba que seu comportamento não foi aceito. Também sob a justificativa de a criança poder aprender a conter seus impulsos.

Antes de discorrermos sobre a aplicabilidade ou não desta estratégia é importante estarmos atentos ao contexto em que o comportamento surge.

Algumas perguntas a serem feitas:

  • O comportamento da criança é reflexo do comportamento de outras pessoas que convivem com ela?
  • Existem outras opções para a criança utilizar sua energia, criatividade que não o comportamento não desejado?
  • Quando é que os pais dão mais atenção à criança, quando ela está “comportada” ou quando está fazendo algo não desejado?
  • Os pais brincam e ensinam a criança a brincar?

Ora, se o que nossos filhos fazem que não nos agrada não é muito diferente do que fazemos, se a criança em sua plenitude de energia não vê alternativa para canaliza-la de forma adequada, se é só quando está fazendo “arte” que recebe atenção dos pais ou ainda não tem com quem brincar e nem sabe brincar de forma direcionada, de nada adiantará as sanções punitivas.

A criança sempre testa os pais em seus limites. É importante estar atentos a isso e dar respostas pontuais desde o inicio quando se ultrapassa esses limites. O que é comum é a permissividade até o um ponto intolerável. E quando chega a esse ponto intolerável a resposta dos pais muitas vezes é agressiva e desproporcional para a criança a fazendo sentir que se trata muito mais de uma maldade que está sofrendo do que uma resposta a seu comportamento. Dar limite é dizer não com firmeza e convicção toda vez que a criança faz algo que não é “certo” ao julgamento dos pais, mas para isso é importante os pais terem consenso do que é o “certo” que esperam da criança.

Se estivermos atentos, passo a passo, as experimentações do “certo” e “errado”, estaremos desde o inicio a ajudando a traçar seu caráter e comportamento de forma adequada. Também a fazemos relacionar com proporcionalidade as consequências de seus comportamentos.

Já o afeto tem que se incondicional, e não deve ser utilizado como premio para o comportamento adequado.

 

Sobre o cantinho da reflexão é importante saber:

– Ele não é uma lição, é uma punição.

– Uma criança com 3 ou 4 anos não vai ficar lá refletindo sobre seu comportamento e suas consequências pois  ainda não tem essa habilidade.

– Ela pode se acostumar com a punição.

– Só funciona na presença de quem pune igual ao radar nas rodovias, quem tem a característica própria de dirigir em alta velocidade só muda seu comportamento na presença do radar.

 

Assim esteja próximo a seu filho, converse com ele, dê afeto e diga sempre não com firmeza quando precisar. Não negligencie o não agora para não se perder depois.