Filhos

Adoção: quais seus significados e possibilidades?

Por Rafaela Monteiro 17/01/2014

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O significado da palavra adotar é, do latin “adotare”, considerar, cuidar, escolher. Ainda no clima da adoção, assunto esse que não se esgota, pois sempre existe algo relacionado ao tema que pode ser debatido, pensado, problematizado.

Segundo Gina Khafif Levinzon, a maioria dos autores que pesquisam sobre adoção, apontam uma relação estreita entre a adoção e esterilidade dos adotantes. Segundo a mesma, a adoção pode proporcionar famílias à crianças que não puderam ser cuidadas por seus pais biológicos. Afirma também que as instituições não oferecem as condições afetivas necessárias à criança. 

 

Adoção e sua função

A função que a criança tem para uma família deve ser ser pensada, assim como o “por que” da adoção. Desejos altruístas não são suficientes para estabelecer vínculos parentais. A criança precisa ser desejada antes do desejo de fazer o bem. Pois, é importante que a criança tenha um lugar na família adotiva e que não represente somente a prova da bondade dos pais, pois isso pode ser um fardo muito pesado para uma criança.

No caso de pais benfeitores podemos encontrar filhos demasiadamente gratos e com certa dificuldade de expressar agressividade, rivalidade, dentre outros sentimentos. A adoção não pode ocorrer para curar adultos neuróticos. É preciso que as motivações para a adoção sejam claras, mesmo que necessária a ajuda profissional, pois as motivações conscientes e inconscientes presentes no processo ajudam a criar um espaço de prevenção às possíveis dificuldades futuras na relação.

 

Desafios

Situações de privação afetiva e separação, que eventualmente as crianças experimentaram, não são boas para nenhuma criança. Porém, um lar que as acolha pode ajudar nesse sentido, recuperando a amenizando as situações de privação vividas.  Crianças adotadas apresentam a capacidade de se recuperar das privações físicas, emocionais e sociais quando encontram uma família que lhes dê carinho. Pois, toda filiação é antes de tudo uma adoção. 

Alguns trabalhos científicos fazem referência a adoção e problemas psicológicos, porém, não há unanimidade nesses sobre o assunto. O desenvolvimento afetivo normal de crianças adotivas dependem de uma série de fatores. Existe demasiada importância da orientação aos pais no sentindo de prevenir problemas.

 

Genético X aprendido

Existe a herança genética e existe também aquilo que é aprendido, adquirido. Herdamos predisposições temperamentais, atitudes, traços físicos e, as vezes, doenças, mas não herdamos valores, formas de pensar, agir, crer e desejar. Isso é adquirido, aprendido, compartilhado e vivido. Assim como a força física ou traços herdados dependem da influência do ambiente para se desenvolver.

As vezes, o que as crianças apresentam são interpretados como “herança genética” ou reflexo do “mau sangue”, porém, segundo o ponto de vista de alguns autores, o que pode-se observar é que muitos pais relacionam as dificuldades presentes nos filhos adotivos à hereditariedade, ao invés de se confrontar com suas angústias mais profundas, ou com suas dúvidas e decepções.

É preciso que os pais adotivos tenham consciência dos desafios que o processo de adoção pode ter e que sejam devidamente preparados para tal. Pois, muitos desses desafios são os mesmos apresentados pelos  filhos biológicos.