Alguns especialistas questionam os benefícios que os suplementos alimentares apresentam para a saúde das pessoas. Saiba o que eles dizem.
Hoje vamos falar sobre um tema que certamente já ocupou, mesmo que por alguns momentos, o seu (e o meu) pensamento. Quem já não se perguntou se o estilo de vida que leva é o mais saudável, se poderia fazer algo diferente, ter mais (ou menos) atividade física, menos (ou mais) envolvimento com o trabalho? Ainda, se o seu hábito alimentar está correto ou se necessita de suplementos alimentares ou dietéticos (medicamentos, nutracêuticos, etc.) para suprir uma eventual carência alimentar. Há também a dúvida se seria adequado tomar energéticos, anabolizantes, proteínas para o exercício, entre outros.
Meu objetivo hoje é ajudar a responder pelo menos um destes itens, o que diz respeito à necessidade de suplementos alimentares ou dietéticos com vitaminas e minerais. Para isso, pretendo apresentar, de forma resumida, o artigo de um grupo de pesquisadores da Johns Hopkins Medical Institute e outras duas importantes escolas de medicina dos EUA e da Inglaterra. O artigo, que foi publicado em dezembro de 2013 nos Anais de Medicina Interna (Annals of Internal Medicine, American College of Physician, Philadelphia, Pennsylvania), pode ser lido na íntegra aqui.
No documento, o doutor Eliseo Guallar e seus colaboradores analisam várias publicações sobre o papel das vitaminas e suplementos alimentares, bem como de sua relação com os desfechos clínicos esperados.
Os suplementos alimentares e suas funções
Prevenção ou diminuição de doenças crônicas em adultos sem deficiências nutricionais
Após revisar três estudos de suplementos alimentares multivitamínicos e 24 estudos de uma ou duas vitaminas, nos quais participaram mais de 400.00 pessoas, os autores concluíram que não existe evidência clara do efeito benéfico destes suplementos sobre as causas de mortalidade, doença cardiovascular ou câncer.
Prevenção do declínio cognitivo
Dois grupos foram estudados, sendo o primeiro com 5.947 homens com 65 anos de idade ou mais, durante 12 anos. Ao final do período, não houve diferença estatística entre o grupo que tomava vitaminas e um grupo que tomava placebo (medicamento sem substância quimicamente ativa) no que tange à performance cognitiva ou sobre a memória verbal.
Os autores afirmam que a adesão à intervenção foi alta e que o grande número de participantes resultou em estimativas precisas de que o uso de suplementos alimentares em pessoas idosas bem nutridas não previne o declínio das funções da inteligência.
No segundo grupo, pessoas com algum prejuízo cognitivo ou com demência – entre leve e moderada, a respeito das quais foram analisadas 12 publicações sobre o uso desses produtos dietéticos incluindo multivitaminas (vitamina B, C, E e Ômega 3). O resultado foi de que nenhum dos suplementos alimentares demonstrou melhorar a função cognitiva.
Recuperação de problemas cardíacos
Já em um terceiro estudo, foram avaliados os benefícios do uso de altas doses de um suplemento multivitamínico, com 28 componentes, em homens e mulheres que haviam tido infarto agudo do miocárdio. Eles participavam de um grupo terapêutico sobe a Terapia de Quelação (TACT – Trial to Assess Chelation Therapy) para a desintoxicação.
Após um seguimento médio de mais de 4 anos, não houve diferença na recorrência de problemas cardiovasculares no grupo dos multivitamínicos, quando comparado com o dos que utilizaram o placebo. Portanto, na avaliação dos revisores, foram encontradas limitações nos suplementos pelo alto número de perdas de seguimento.
Mas afinal, os suplementos alimentares são bons ou ruins?
Diversos autores consideram que outros estudos têm encontrados um efeito nulo ou até mesmo possíveis malefícios do uso de vitaminas e suplementos. Eles citam como exemplo o fato de que o uso de betacaroteno, da vitamina E, além de altas doses de vitamina A estão relacionadas a um aumento de mortalidade e de que o uso de outros antioxidantes, ácido fólico, vitaminas B e suplementos multivitamínicos não apresenta benefícios claros na prevenção primária ou secundária de doenças crônicas.
Os autores discutem ainda o aumento na demanda por este tipo de produtos nos mercados americano e europeu, mesmo sem apresentar um benefício real em pessoas bem nutridas. A suplementação com vitamina D para prevenir fraturas em idosos, embora mantida enquanto recomendação, ela é respaldada por evidências controversas e também merece estudos mais consistentes.
Antes de concordar ou questionar as evidências científicas do artigo, é preciso o que os autores consideraram ‘pessoas bem nutridas’ e em que contexto eles afirmam. Outras perguntas que merecem ser feitas: estes resultados são válidos para os brasileiros? A população brasileira é bem nutrida? Ela se beneficiaria do uso de suplementos ou se assemelha às populações estudadas?
Ainda, é preciso saber também: os brasileiros possuem o hábito de consumir vitaminas e suplementos sem uma avaliação médica e bioquímica? Quanto isso implica em gastos financeiros individuais e coletivos? Essa prática gera riscos à saúde ao longo da vida de cada um de nós? Em que estes recursos poderiam ser melhor aplicados?
Agora fica mais uma pergunta: o que você pensa disso?
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