Saúde

Ceratocone: conheça essa doença que atinge a córnea

Por Redação Doutíssima 08/12/2014

Distrofia mais comum da córnea, com incidência em uma a cada duas mil pessoas, o ceratocone é uma doença não-inflamatória que não pode ser corrigida com laser. Decorrente do enfraquecimento da córnea, é progressiva e gera mudanças estruturais na sua biomecânica, resistência e elasticidade, tornando-a mais fina e alterando a forma para cônica.

 

Esta ocorrência é chamada de ectasia (distensão) corneana, pode ser unilateral ou bilateral e geralmente ocorre ao longo da adolescência, evoluindo até os 45 anos de idade, quando tende a se estabilizar.

ceratocone

Doença hereditária é progressiva e atinge adolescentes e jovens. Foto: iStock, Getty Images

Quanto à incidência, a patologia não parece ter um grupo de risco preferencial (além da faixa etária), pois está presente em todas as regiões do planeta – apesar de uma maior quantidade de casos em alguns grupos étnicos específicos.

 

Normalmente relacionado a doenças atópicas como asma, alergias e eczema,o ceratocone é também diagnosticado com mais frequência em portadores da Síndrome de Down, apesar dos motivos para essas associações serem ainda desconhecidos.

 

Ceratocone atinge adolescentes ou jovens

 

O ceratocone é hereditário e acomete apenas adolescentes ou jovens, sem nenhum registro de casos envolvendo adultos. Se caracteriza por afinamento e deformação da córnea e evolui ao longo dos anos.

 

Com o passar do tempo, conduz ao surgimento ou piora de miopia e eleva exponencialmente o grau de astigmatismo, reduzindo de forma drástica a acuidade visual de suas vítimas.

 

A maioria dos estudos relaciona sua existência a fatores genéticos, ambientais e celulares, além de associar a doença com alergias como a rinite, que gera coceira frequente nos olhos. Conforme esse entendimento, o prurido ocular seria o principal desencadeador da enfermidade.

 

Evidências

 

No início, os sintomas são comuns a outros defeitos refrativos do olho e geralmente consistem em desconforto visual ou desfoque, dor de cabeça, fotofobia, redução da capacidade visual e troca frequente das lentes oculares.

 

Conforme o ceratocone avança (são quatro níveis), a visão começa a se deteriorar rapidamente e a elevação dos graus do óculos não surte mais efeito. As lentes de contato então passam a ser a opção mais indicada, mas muitos pacientes têm dificuldade em adaptação e abandonam seu uso.

 

Nos casos mais severos, são constantes relatos de visão turva ou desfocada, imagens fantasmas, extrema sensibilidade à luminosidade e presença de halos noturnos, além de rastros de luz e distorção de reflexos.

 

Confirmação

 

Uma das ferramentas mais eficientes para o diagnóstico do ceratocone consiste no exame de topografia corneana, que revela a forma exata da córnea e permite a identificação imediata da anomalia.

 

Outra boa opção é o exame de ceratometria manual, capaz de apontar a existência de astigmatismo irregular (geralmente primeira etapa da doença). Nele, com o auxílio do biomicroscópio, o profissional especialista pode investigar na córnea indícios de ectsia corneana, outra evidência importante.

 

Reversão do ceratocone

 

O tratamento da patologia objetiva proporcionar a retomada da acuidade visual do paciente, garantir sua adaptação aos recursos que precisará adotar (tais como óculos e lentes de contato comuns ou especiais) e, sobretudo, frear o processo degenerativo da córnea.

 

Somente em casos extremos (menos de 5%), quando nenhum dos recursos anteriores surte mais efeito, é recomendada a cirurgia de transplante da córnea.

 

Atualmente, uma alternativa revolucionária, chamada de anéis corneanos de Ferrara, tem obtido sucesso considerável na reversão do problema, principalmente nas fases iniciais.

 

O método também é cirúrgico, mas rápido e indolor, e consiste em uma técnica ortopédica que corrige a deformidade através do fortalecimento da córnea, diminuindo a miopia e o astigmatismo. O procedimento, desenvolvido no Brasil, já é reconhecido mundialmente e obteve êxito junto a mais de 250 mil pacientes.

 

 

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