Um dos maiores desafios da vida de um pai ou de uma mãe é a educação infantil. Dúvidas permanentes colocam à prova toda a sua capacidade de ensinar ou impor limites. E quando surge a famosa e indesejada birra? O que fazer? Muitos não entendem de imediato o que pode estar acontecendo e as atitudes podem não ser as mais corretas.
Para ajudar a entender melhor todo esse processo e também como lidar com a birra, conversamos com a psicopedagoga Liliane Petry Bohlke, que atua no Núcleo de Atendimento Psicológico (NAP), em Novo Hamburgo (RS). Primeiro, segundo ela, é preciso esclarecer que, dentro da educação infantil, a birra não tem um conceito fechado.
Birra e educação infantil
Liliane explica que a birra é uma forma de a criança demonstrar os sentimentos que a desagradam. “O importante é analisar a idade e o momento, meio de vida a qual esta criança está exposta”, sinaliza.
Na maioria das vezes, diz a psicopedagoga, são crianças que não foram acostumadas a “perder” nada, ganhavam tudo a todo tempo. A frustração é muito importante para a criança entender a perda de algo.
É fundamental entender que aquilo que conhecemos por birra tem limite e data de validade. De acordo com Liliane, que também atua como professora de Educação Infantil, geralmente, a birra é frequente entre o 3 anos e meio até mais ou menos os 5 anos. “Mas, é essencial lembrar que cada criança é única e vive diferentes situações”, diz.
Se uma criança faz birra durante todo esse tempo é sinal de que deve haver algo que ela quer mostrar e não consegue dizer. “Sabemos que nessa idade a linguagem do corpo fala muito mais que a linguagem verbal”, afirma.
Conforme Liliana, crianças que não são “trabalhadas” em suas birras, vão resultar em adultos com muitas dificuldades de perder e se relacionar, porque se sentem ameaçados quando não ganham ou recebem o que querem.
Lições da educação infantil
Então, diante da constatação desse quadro, o que se pode fazer? O diálogo sempre deverá ser a primeira opção, segundo Liliane. Uma dica é fazer combinações e usar a fórmula do “se fizer isso, acontecerá aquilo”. “Conversar e verbalizar causa e consequência é a melhor estratégia”, salienta a psicopedagoga.
Porém, sabemos que lidar com esse contexto dentro da educação infantil não é tarefa fácil. Os próprios pais têm medo de agir temendo o afastamento dos filhos. “É importante lembrar, que os adultos na relação são os pais, o adulto dá o limite, não a criança. Sustentar uma combinação é o mais difícil, o que se faz uma vez, ou se diz para uma criança, deve ser sempre da mesma forma. Para que a criança entenda causa e consequência”, diz Liliane.
Ela fala também da importância que a escola pode ter ao ajudar os pais na educação infantil. O estabelecimento deve ser visto como parceiro da família e as combinações devem perpassar as duas instituições.
“A escola tem uma função importantíssima: avaliar a birra dentre os alunos e analisar com clareza se ela é normal. No mais, vale buscar o apoio de um profissional para auxiliar a família a contornar melhor essa situação”, destaca Liliane.
10 dicas para contornar a birra
1. Usar o diálogo sempre
2. Sempre falar na altura (tamanho) das crianças
3. Fazer combinações e seguir as mesmas
4. Lembrar da importância do adulto para ensinar a criança o certo e o errado
5. Entender que limite também é amor
6. Ser firme e não cair nas lábias da criança
7. Devem manter a calma, entender que é processo
8. Ser acolhedor e afetivo
9. Dê exemplos positivos, a criança imita e repete comportamentos que ela vivencia
10. Valorize as boas ações da criança sempre que possível
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