Cada vez mais fáceis de serem feitas – e vistas – as selfies podem ser um sinal de que algo não está bem. O problema pode não estar no registro fotográfico em si, mas no que representa o exagero e o motivo que leva à exposição extrema. O egocentrismo pode estar camuflado nessa vontade de aparecer a toda hora.
O lema do egocêntrico é esse: eu me amo, eu sou maravilhoso e isso vai muito além do amor-próprio. “Para o egocêntrico, tudo que está em sua volta é secundário. O que mais importa é ele mesmo e seus interesses”, explica a psicóloga clínica e organizacional Andréia Reis, que atua no Núcleo de Apoio Psicológico (NAP).
Egocentrismo anula a empatia
Uma pessoa que vive o egocentrismo, explica a especialista, não consegue se colocar no lugar do outro, ou seja, ser empática. Sente-se como o centro das atenções e fica ocupada apenas com seus sentimentos e emoções. “É egoísta, pensa somente em seu bem”, acrescenta.
O egocentrismo tem várias formas de se manifestar e uma delas pode ser no uso excessivo de selfies nas redes sociais.
Segundo a psicóloga, a caracterização principal do egocêntrico remete à pessoa que em tudo e em todos os momentos direciona para sua vida e suas vivências, como sendo o principal. “O que ocorre no mundo não interessa se não está diretamente ligado a ele mesmo”, salienta a psicóloga.
Por isso, torna-se difícil, ou quase impossível, dizer a essa pessoa que ela é egocêntrica e que precisaria mudar. A busca por ajuda psicológica, na maioria das vezes, se dá por outro motivo e não por acreditar no egocentrismo. A pessoa admite buscar o aperfeiçoamento de alguma característica, mas não estar exagerando no amor por si mesmo.
“Podemos notar quando estamos nos tornando um egocêntrico quando as pessoas que convivem conosco começam a se afastar, ninguém nos pede opinião para nada, ficamos sempre preocupados com o que os outros pensam a nosso respeito e, quando durante o dia todo, fazemos e pensamos mais em coisas para nós mesmos do que para os outros”, ilustra a psicóloga.
Egocentrismo e luta pela felicidade
Cabe ressaltar que pensar em si, ir atrás do que sonha e se preocupar consigo, não é egocentrismo e sim luta pela felicidade. A diferença, de acordo com ela, está na intensidade destes sentimentos.
“Precisamos nos amar, nos acharmos bonitos e competentes. Mas a linha tênue que diferencia é a vontade de ver os outros terem sucesso, serem felizes também e torcer por isso – o que um egocêntrico tem dificuldade de fazer”, explica.
Mas não se pode dizer que toda pessoa que posta muitas fotos de si mesma é egocêntrica – pode haver outros motivo. A postagem exagerada também denota insegurança e necessidade de autoafirmação, afirma Andréia. “Outra forma é quando, numa conversa informal ,onde se fala de experiências vividas, o egocêntrico dificilmente ouve o outro, falando somente dele”, completa.
A psicóloga dá uma dica que pode ser saudável em qualquer fase ou área da vida: nada funciona de forma saudável quando se dá em exagero. “Então, vamos viver e curtir a vida na dose certa e sermos mais felizes”, finaliza.
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