Medo é um sentimento normal, comum a todas as pessoas. É um instinto que desperta diante do desconhecido, como um estado de alerta tentando avisar que algo pode ser um perigo, uma ameaça. No entanto, para algumas pessoas ele é tão intenso que acaba afetando o dia a dia, transformando o indivíduo no refém desse sentimento.
O medo é natural
Ana Beatriz Guerra Mello, psicóloga e professora na Universidade Feevale, explica que o medo é um processo psicológico que invade o pensamento, como outros sentimentos. Além de natural, ela menciona que essa sensação é necessária.
Quando o temor paralisa e causa pânico, é importante buscar ajuda na terapia. Foto: iStock, Getty Images
Na psicanálise, a profissional explica que o sentimento também se refere a aproximação de algo que é muito desejado. “Quando tem algo que queremos muito, sentimos medo porque não conhecemos e não experimentamos.”
Nesse caso, o sentimento está diretamente ligado a idealização de um sonho ou um objetivo. O temor é de ir atrás do que se quer e descobrir que não é tão bom assim, se decepcionar. “É mais fácil e seguro ficar na zona de conforto”, fala a psicóloga sobre como funciona esse aspecto da mente humana.
Quando o medo se transforma
Quando intenso, temer algo é paralisante, seja em ações, em pensamentos ou na fala. E é esse tipo de medo que é preocupante, alerta Ana Beatriz. “Muitas pessoas sofrem de síndrome do pânico, ansiedade, por causa desse sentimento”.
O temor pode se transformar em outras coisas, e essas são prejudiciais para a saúde mental das pessoas. Pânico, crises de ansiedade, fobias e transtorno obsessivo compulsivo são comportamentos e doenças que podem ser facilmente relacionados com o fato de se sentir amedrontado ou ameaçado por alguma coisa ou situação.
“Quem sofre algum transtorno não sabe, conscientemente, que está ligado a um medo. A pessoa tem sintomas de ansiedade, por exemplo, como sudorese, taquicardia, mas não consegue relacionar isso com o fato de temer algo”, explica Ana Beatriz.
A psicóloga relata com um exemplo como o inconsciente pode trabalhar os sentimentos: “O indivíduo não gosta do trabalho e teme o chefe, mas não se dá conta disso e acaba desenvolvendo pavor de dirigir, de trânsito. Acontece que para ir até o trabalho, é preciso encarar as ruas da cidade para chegar de um ponto a outro, e é nisso que o inconsciente foca”.
Dicas para superar o temor
Conforme Ana Beatriz, algumas dicas podem ser essenciais para enfrentar e vencer o sentimento, evitando que se desenvolva em complicações mais sérias.
1. Identifique o sentimento
Identificar o temor é o primeiro passo para superá-lo. É preciso procurar dentro de si o que causa a sensação e suas razões.
2. Procure tratamento
A psicóloga alerta para o uso de medicamentos: “Eles apenas tratam os sintomas, e não a raiz do problema”. A sugestão é fazer o tratamento com remédios, se for o caso, junto com terapia.
3. Desenvolva consciência corporal
Sentimentos relacionados com o próprio corpo podem ser tratados com a prática de exercícios, desenvolvendo consciência corporal.
4. Investigue o sentimento
Fobias nem sempre estão relacionadas com o objeto ou fenômeno que a pessoa teme. O tratamento deve investigar a fundo qual é o verdadeiro temor.
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