Provavelmente, você já precisou lidar com alguém que não sabe manter relações senão na base da falsidade. Aparentar ser o que não é e tentar manipular os outros são características muito clássicas de alguém falso. Reconhecer essas pessoas, saber lidar e evitar a aproximação podem ajudar na convivência e na sua paz de espírito.
A professora da área de psicologia da Universidade Feevale, Denise Regina Quaresma da Silva, ensina que a falsidade é uma característica consciente do caráter de alguém.
A convivência com pessoas falsas e mentirosas pode gerar sofrimento e decepção. Foto: iStock, Getty Images
“A pessoa que falsifica uma verdade tem plena consciência do seu ato e normalmente age de forma premeditada, usando sua inteligência e capacidade de sedução para fazer o enredamento de sua vítima”, afirma.
O falso eu
O falso eu é um conceito criado pelo psicoanalista e pediatra Donald Winnicott e é um contraste em relação ao eu verdadeiro. A falsidade ocorre quando a pessoa se distancia da sua essência.
O eu verdadeiro é autêntico, não é definido pelo o que outras pessoas pensam, nem o que dizem, e se preocupa com o bem comum e com bons relacionamentos que são benéficos para todos os lados.
Já quem deixa o eu falso comandar as interações tem apenas seus interesses em mente, pensa apenas nos benefícios próprios e, muitas vezes, ignora barreiras éticas para tentar conquistar o que quer.
Falsidade nas relações
A falsidade transforma a pessoa. O indivíduo não pode se demonstrar vulnerável e precisa acreditar nas próprias mentiras. Então cria-se uma personalidade fictícia, falsa, que é superior, grandiosa, segura e com ego inflado.
Denise conta que infelizmente existem muitas pessoas com esses traços patológicos, que criam versões falsas da vida, enganando facilmente as demais de acordo com as suas necessidades. Isso torna qualquer relacionamento, seja familiar, amoroso, de amizade ou de trabalho muito complicado.
Ela fala sobre como a pessoa falsa consegue seduzir as pessoas ao seu redor. “É comum que a vítima seja taxada de mentirosa, de louca, pois o psicopata projeta na vítima as suas características”, ressalta.
Conviver com uma pessoa que funciona dessa maneira gera muito sofrimento, pois o indivíduo falso consegue seduzir os outros envolvidos, desacreditando a vítima.
Ainda segundo a professora, a falsidade tem pelo menos um momento de revelação. “Acredito completamente que somente a verdade nos sustenta na vida, pois em algum momento o falso self (eu falso) desmorona”, diz.
Como lidar com a falsidade
Tolerância e paciência são os principais ingredientes necessários ao lidar com pessoas falsas. Verificar as “verdades” , duvidar de forma saudável dos fatos apresentados e cuidar para não cair nas histórias contadas são cuidados a serem tomados por quem convive com indivíduos falsos.
Dificilmente será possível arrancar a máscara de alguém que vive com as próprias mentiras. Além disso, tentar expor as “verdades” infundadas pode acabar machucando as pessoas inocentes ao redor desse relacionamento.
Por isso, o ideal é afastar-se de quem não é verdadeiro ou, ao menos, diminuir a intimidade da relação para não sofrer com ela.
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