A vespa brasileira Polybia paulista pode ser a chave para o combate ao câncer, segundo uma pesquisa publicada na revista científica Biophysical Journal. O estudo, conduzido por um grupo de cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade de Leeds, na Inglaterra, descobriu uma toxina que pode acabar com as células cancerígenas.
A conclusão dos pesquisadores foi a de que o veneno dessa vespa é eficaz para coibir as células cancerígenas que atacam a próstata e a bexiga, também causadoras de leucemia. Mas a grande descoberta dos cientistas é que a toxina é capaz de atacar apenas as células afetadas pelo câncer, sem interferir nas células saudáveis.
O mais recente Atlas de Mortalidade, divulgado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), apontou que o câncer é a segunda doença que mais mata no Brasil e no mundo. Entre 2011 e 2012, o índice de óbitos a cada 100 mil homens subiu de 100,47 para 103,2. Entre mulheres, o aumento foi de 83,99 para 86,92.
Toxina MP1 mata células cancerígenas
A toxina presente no veneno da vespa brasileira foi chamada de MP1, segundo os autores, e age de forma diferenciada nas células. Seu mecanismo de ação está diretamente ligado aos lipídios, que ficam localizados em partes diferentes nas células normais e nas cancerígenas.
Nas células afetadas pelo câncer, há dois tipos de lipídios que ficam do lado de fora da membrana. Já nas células normais, esses lipídios estão do lado de dentro da membrana. A toxina MP1 é capaz de interagir apenas com os lipídios acessíveis nas células cancerígenas – ou seja, pelo lado de fora da membrana. As células normais permanecem intactas.
Ao entrar em contato com os lipídios das células cancerígenas, a toxina cria buracos na membrana. Isso afeta a célula doente de modo que as moléculas essenciais para o seu funcionamento sejam destruídas. Essa foi a conclusão dos pesquisadores a partir de testes laboratoriais.
O mecanismo de ação da MP1 foi testado em membranas produzidas em laboratório, que continham os mesmo lipídios das células normais e cancerígenas existentes em um paciente com o diagnóstico de câncer. Foi assim que os cientistas detectaram que o veneno da vespa leva à morte celular das células doentes, sem produzir efeito algum sobre as saudáveis.
Descoberta pode gerar novos tratamentos
A pesquisa poderá representar o início de uma nova alternativa de tratamento para o câncer. Por enquanto, nenhum medicamento anticancerígeno foi desenvolvido com a proposta de atacar a membrana das células afetadas pelo câncer. Essa seria, portanto, uma classe inédita de drogas.
Os autores do estudo revelaram que a descoberta pode ser útil, especialmente, no desenvolvimento de novas combinações de terapias contra o câncer. Dessa forma, diversos tratamentos poderiam ser realizados com o intuito de atacar as células cancerígenas em diferentes partes de sua composição, simultaneamente. Aumentariam, assim, as chances de eliminação do câncer.
Cientistas da Unesp e da Universidade de Leeds acreditam que a MP1 pode ser uma forma segura de tratamento contra o câncer, mas afirmam que serão necessárias mais pesquisas para o desenvolvimento de um medicamento.
Estudos mais aprofundados também já estão sendo idealizados pela classe científica. Em novas pesquisas, eles pretendem alterar a sequência de aminoácidos da MP1 para examinar como a estrutura da toxina tem influência sobre sua função. Assim, será possível potencializar sua serventia clínica.
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