Engole o choro e se acalma. Especialmente na infância, é bem provável que já tenha ouvido essa frase inúmeras vezes. Para não passar por chorão ou chato, você apenas obedece sem questionar. Mas será que essa é a melhor saída?
O choro é resultado de fenômenos neurológicos e endocrinológicos e está relacionado ao instinto de defesa do homem. Também uma forma de comunicação, ele pode expressar dor, sofrimento, alegria ou até prazer.
Presentes nas situações mais marcantes de nossas vidas, as lágrimas que escorrem pelo rosto podem ser consequência de uma emoção espontânea ou o indício de alguma doença e desequilíbrio psíquico, como a depressão.
Engole o choro? Melhor não
Segundo Luciana Rizo, professora de psicologia cognitiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), chorar faz bem à saúde e a expressão das emoções é algo importante. Ainda assim, é fundamental também trabalhar a forma de demonstração, para que esse processo seja saudável.
Ela explica que, se uma pessoa chora em excesso, é importante que procure um especialista para investigar. Pode ser o indício de algum transtorno ou mesmo de um quadro de depressão.
Para muitas pessoas, derramar algumas lágrimas também funciona como uma válvula de escape. O sentimento de melhora após uma manifestação de choro acontece porque liberar as emoções traz um certo alívio da tensão.
Isso acontece porque, ao chorar, você libera adrenalina e noradrenalina, conjunção responsável por gerar no organismo o que conhecemos como um misto de alívio e tranquilidade.
Quando você engole o choro, por outro lado, reprime as emoções. De acordo com Rosemeire Zago, psicóloga clínica, essa atitude pode estar relacionada também com a presença de um quadro de asma, como se a crise substituísse as lágrimas. O mesmo também pode acontecer com a sinusite.
Choro é sinal de fraqueza?
“Infelizmente, para muitos em nossa sociedade, o choro é interpretado como um sinal de fraqueza. Ainda podemos encontrar mandos como ‘engole o choro’, ‘pare de chorar’, ‘chorar não é coisa de gente forte’. Esse fato é lamentável, pois ensinam a inibição emocional, que pode trazer prejuízos aos futuros adultos.”, pondera Luciana.
Felizmente, trabalhos mais específicos sobre essa manifestação comportamental estão sendo desenvolvidos. Alguns deles tem como objetivo acabar com o conceito de que chorar é para aqueles que são fracos, um ato que deve ser guardado para si.
Para os pais, o apelo é permitir que a criança se sinta livre para expressar suas emoções. Se elas parecerem demasiadas e de difícil compreensão, pode ser válido o acompanhamento como um psicólogo, capaz de ajudar na superação.