Cientistas americanos desenvolveram uma nova técnica em busca da cura do câncer. Eles se basearam na teoria da evolução, usando o estudo da evolução dos seres vivos e a adaptação ao meio ambiente. O objetivo é aumentar a eficácia da quimioterapia e diminuir a reincidência da doença. O Ministério da Saúde estima que neste ano 596 mil novos casos de câncer serão registrados no Brasil.
Terapia adaptável contra o câncer
Os pesquisadores observaram que o tratamento usado atualmente destrói as células mais fracas, mas melhora o desempenho das células cancerígenas mais resistentes. Ao invés de tentar eliminar a todo o custo tumores com altas doses de medicamentos, a tese defende mantê-los sob controle, sem destruí-los.
Para resolver esse problema, pesquisadores do instituto Moffitt Cancer Research, na Flórida, liderado pelo médico Pedro Enriquez Navas, oferecem uma abordagem radicalmente diferente, chamada de “terapia adaptável”.
A técnica consiste em uma quimioterapia mais curta, porém, mais frequente. A dose do medicamento é reduzida significativamente (até 50%) e muda de acordo com a evolução do tumor. Assim, à medida que ele cresce, pequenas doses de quimioterapia são administrados durante alguns dias.
Estudos para a cura do câncer de mama
A “terapia adaptativa” foi testada em ratos de laboratório que receberam implantes tumorais de câncer de mama de dois tipos diferentes, conforme descrito na revista especializada em saúde “Science Translational Medicine”.
Enquanto os ratinhos tratados com doses maciças de quimioterapia, tiveram recaída no final do tratamento, a terapia adaptativa permitiu diminuir drasticamente a progressão do tumor. Em 6 de 10 casos, o tumor tinha se estabilizado.
Esses resultados encorajadores são explicados pelo fato de que a terapia adaptativa não mata as células sensíveis à quimioterapia. Assim, tumores controlados podem ser vistos como mini-ecossistemas onde células vivas resistentes e sensíveis a células de tratamento.
Sendo assim, na ausência de drogas, as células menos resistentes ganham vantagem. Com efeito, os seus requisitos de energia são mais baixos do que aqueles das células resistentes, cujos mecanismos de defesa são dispendiosos.
Durante períodos sem tratamento fornecido pela terapia adaptativa, as células sensíveis são livres para crescer em alta velocidade e evitar que as células resistentes tomem conta do tumor. Dessa forma, o ecossistema tumoral permanece sensível à quimioterapia, e pode ser controlado por pequenas doses regulares do tratamento.
Quimioterapia mais eficaz
Os cientistas explicam que o tumor é formado por uma população de células mutantes, organizadas em conjuntos. Elas competem entre elas para serem alimentadas por oxigênio e açúcar (glicose).
Essa luta pela sobrevivência entre as células tumorais poderia explicar por que é tão difícil eliminar todas as células cancerígenas usando a quimioterapia. “Quando altas doses de drogas tóxicas são administrados, algumas células são mortas, enquanto outras ficam mais resistentes”, esclarece Dr. Pedro Enriquez Navas. O médico explica que após a quimioterapia as células resistentes são amplamente encontradas no tumor. Elas se proliferam diminuindo a eficácia das próximas sessões do tratamento quimioterápico.
Os cientistas concluíram que na verdade a quimioterapia age como seleção natural, favorecendo as células resistentes. Dessa forma, o tumor torna-se cada vez mais difíceis de ser erradicado, ficando ainda mais resistente às drogas. Esse ciclo explica porque as recaídas são tão frequentes. O próximo passo dessa pesquisa, ainda sem data prevista, será o avanço do estudo em pacientes com câncer.