A percepção de uma família tradicional, composta por pai, mãe e filhos de um mesmo casamento saiu de cena no Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de divórcios no país cresceu mais de 160% em 10 anos. A estatística demonstra o espaço para uma nova configuração familiar: os seus, os meus, os nossos.
Atualmente, madrastas, padastros, meios-irmãos e primos aprendem a conviver sob o mesmo teto. É claro que isso pode gerar conflitos. Mas a psicoterapeuta Maura de Albanesi enxerga a mudança sob uma perspectiva positiva. “Hoje, a família se abriu. É uma forma de falarmos: pertencemos todos a uma família chamada humanidade”, argumenta ela.
Convivência entre os seus, os meus, os nossos
Um dos principais desafios quando duas famílias se juntam é estreitar as relações entre os filhos e os novos cônjuges de seus pais. Dependendo da idade da criança, isso se torna ainda mais difícil. “Existe uma tendência natural do eu queria ver meus pais juntos e essa nova pessoa não está deixando isso acontecer”, indica Maura.
De fato, para as crianças pode ser difícil aceitar e compreender a nova configuração da família. Mesmo entre aqueles que acham maravilhoso os pais seguirem a vida, a convivência pode se estranha e impor desafios.Para quebrar um ciclo de má convivência, portanto, a psicoterapeuta indica que há um aspecto fundamental: a maturidade.
“O padrasto não é pai e a madrasta não é mãe. Eles têm que ser amigos dos filhos do marido ou da esposa. Sem invadir e dar lição de moral: dessa forma se conquista essa criança pelo afeto”, sugere. Para os pais, é necessário repensar as regras.
O pai e a mãe precisam de um tempo com o filho. Principalmente para conseguir impor limites e respeito, sem ter medo de perder o afeto.Esses são aspectos que tornam a convivência mais tranquila.
Benefícios da nova composição familiar
A miscelânea familiar, conforme salienta Maura, pode ser dura no começo, mas proporciona benefícios a longo prazo. Ela acredita que essa seja uma forma de abrir o coração e ver como é possível conviver com alguém, independente dos laços de sangue.
A especialista lembra ainda que a convivência pode ser uma excelente preparação da criança para o mundo, onde irá encontrar e terá de se relacionar com pessoas diferentes dela, enfrentar desafios.
“O exercício da sociabilização, que deve ocorrer sempre na família, está muito mais intenso. Uma das funções familiares é preparar o filho para se tornar um ser social. Tudo isso é uma preparação”, resume. É preciso ter cautela, porém, para que o novo ambiente tenha bases sedimentadas, antes de receber todos os novos membros.
É preciso encarar com seriedade o desafio de juntar os seus, os meus, os nossos. Quando os adultos têm maturidade para lidar com o momento, a aceitação por parte dos pequenos também se torna mais simples.
E você, já viveu em uma configuração familiar no estilo os seus, os meus, os nossos? Conte para a gente como foi a experiência.