Você sente que está passando tempo demais na internet? Não consegue ficar longe do celular porque já bate a vontade de checar suas notificações? Embora possa se tratar de mero hábito, o uso excessivo de redes sociais pode indicar um vício – e causar prejuízos à sua vida offline.
Mas como diferenciar o vício do hábito? E como vencer a dependência das redes sociais? Consultamos Fabíola Luciano, psicóloga e membro da Sociedade Brasileira de Coaching, para entender essas e outras questões.
O que leva as pessoas a abusarem das redes sociais?
“Uma das causas que podemos apontar é a dificuldade que algumas pessoas têm de fazer amigos reais. Hoje, principalmente nos grandes centros urbanos, os relacionamentos acabam ficando mais difíceis porque desenvolvemos barreiras para estabelecer uma conexão profunda com as pessoas – e essa conexão acaba envolvendo habilidades que muitos de nós não temos. As redes sociais colaboram para essa dependência ao permitir encontrar outras pessoas com gostos em comum [sem, no entanto, as exigências de um relacionamento da vida real]”, explica Fabíola. E nós gostamos de nos relacionar com quem tem a ver conosco, ainda que se trate de uma relação apenas virtual.
Como saber que se trata de um vício?
Todo vício parte de uma necessidade que você não consegue controlar – esse é o primeiro sinal. Outro sintoma é a alteração brusca de humor ao não poder acessar as redes. “Geralmente, essas pessoas acabam tendo uma vida muito mais pautada na vida da internet do que na vida real. Por isso, tendem a expor cada momento do seu dia nas redes sociais”, completa.
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A psicóloga conta que a maioria das pessoas não reconhece isso como um vício: “Na maioria dos casos, os pacientes não reconhecem que estão viciados e ainda acham que estão no controle. Eles chegam ao consultório por intermédio de outras pessoas e não entendem que há algo errado”.
Como controlar o uso das redes sociais?
O fortalecimento do autocontrole é essencial para conseguir isso – e, se o nível de dependência for muito elevado, pode exigir acompanhamento psicológico. Para ajudar, há também algumas maneiras práticas de controlar o tempo online: “Hoje temos aplicativos que mostram se você ficou na internet por tempo excessivo, o que pode ajudar bastante. Além disso, a pessoa pode estabelecer um tempo máximo e ser avisada pelo próprio celular quando esse limite for atingido”, sugere a psicóloga.
“Não é preciso deletar os aplicativos do seu celular, mas deve-se criar formas de estimular essa diminuição de uso, o que inclui a inserção de outras atividades no seu dia”, completa.
O vício pode causar consequências mais sérias?
A resposta é sim. O vício em redes sociais pode aumentar seu isolamento social, pois a internet se torna o único meio de se relacionar e você acaba perdendo o contato com pessoas reais. Também prejudica a concentração e pode provocar alterações no sono, ansiedade e até mesmo depressão.
“Muitas pessoas substituem a vida real pela vida virtual e acabam ficando presas a um mundo que não existe. Isso leva a distanciamento emocional de si mesmo, porque você acaba alimentando uma mentira e vivendo uma estrutura que não é real. Isso tudo potencializa o vício”, explica a psicóloga.
Como as pessoas próximas podem ajudar?
Nesse processo de fazer alguém enxergar que está viciado, é essencial apontar o que se está perdendo ao ficar horas nas redes sociais e afastado da vida real: “Como todo vício, a pessoa nunca enxerga que precisa de ajuda. Por isso, em vez de fazer uma crítica, o ideal é tentar apontar os prejuízos que ela não percebeu antes.
No caso dos mais jovens, os pais devem ter autonomia para limitar o tempo de uso das redes sociais e do celular e trazê-los para um universo real, que é onde a gente vive, e onde as coisas acontecem de verdade”, conclui.
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