Embora seja comumente associado à ação de ranger os dentes durante a noite, o bruxismo também pode acometer as pessoas durante o dia. Chamado nesses casos de bruxismo de vigília, o hábito envolve apertar os dentes ou até mesmo tensionar a mandíbula sem promover contato dentário, de forma inconsciente, enquanto se está acordado.
O bruxismo do sono é pouco frequente numa noite e dura em média entre 8 e 9 minutos numa noite de 8 horas, enquanto que o bruxismo de vigília pode se estender por muitas horas durante o dia.
Dr. Alain Haggiag, cirurgião dentista e diretor clínico da LIVA, tira dúvidas sobre o hábito que atinge 80% da população mundial, mas apenas 20% têm consciência dele e procuram tratamento.
Fortíssima: A partir de que idade o bruxismo de vigília pode se manifestar?
Dr. Alain Haggiag: Pode aparecer em todas as idades, mas é mais comum em período de estresse, ansiedade e concentração. No adolescente, costuma ocorrer durante o período de provas escolares ou vestibular. Mas é na faixa de 30 a 50 anos que mais pessoas são acometidas, principalmente as mulheres (que são 65% dos pacientes).
Quais são os primeiros sintomas?
Dores na região da face, na lateral da cabeça (têmporas) e na nuca e sensações desagradáveis nos ouvidos (zumbido, sensação de ouvido tampado). A pessoa pode apresentar sensibilidade e dor nos dentes, bem como marcas de dentes nas bochechas internas.
Quais são as causas do bruxismo de vigília?
Podemos citar a tensão, ansiedade, estresse, concentração, hábitos como roer as unhas, mascar chiclete. Em alguns casos, o problema pode estar relacionado a distúrbios neurológicos como Parkinson e paralisia cerebral. E certos remédios antidepressivos, álcool e nicotina também parecem estar ligados ao aparecimento do bruxismo.
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Como esse problema pode afetar a pessoa no dia a dia?
Principalmente pela dor de cabeça e facial que ele provoca. Por ser inconsciente, a maioria dos pacientes só identificam esse hábito depois de muitos anos, provocando sensibilização do sistema nervoso central e o levando a ser mais suscetível à dor.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico baseia-se essencialmente na realização de um exame chamado eletromiografia, que detecta a atividade dos músculos faciais do paciente. Tradicionalmente, o diagnóstico do bruxismo de vigília se restringia a uma pergunta que o dentista fazia ao paciente: “você aperta os dentes durante o dia?”.
O problema é que o bruxismo de vigília é inconsciente, então o paciente não o percebe e a resposta à pergunta fica muito inconsistente. Mais de 80% dos pacientes portadores de bruxismo de vigília respondem negativamente à pergunta.
Como é o tratamento para o bruxismo?
Para tratar do problema, o paciente deve procurar um dentista especialista em dor orofacial e disfunção da ATM (problemas nos músculos da mastigação).
O bruxismo de vigília não é uma doença, mas sim um “comportamento”. Primeiro, a pessoa precisa se conscientizar deste hábito, controlá-lo e revertê-lo para finalmente se reeducar. As técnicas de biofeedback são as mais indicadas hoje – trata-se de uma abordagem terapêutica sem remédio, não invasiva e totalmente reversível, sem contraindicação.
Um exemplo é o sistema LIVA, no qual se utiliza um dispositivo intraoral (DIVA) que monitora mecanicamente e em tempo real os apertamentos dentários diários e inconscientes, ajudando o paciente a se conscientizar e reverter o hábito.
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É possível evitar o bruxismo de vigília?
O indicado é que a pessoa tente controlar o estresse, a ansiedade, os hábitos de roer as unhas, mascar chiclete e apertar objetos com os dentes. Isso pode afastar as chances de desenvolver o bruxismo.