Foco, atenção e persistência. Essas são algumas das expressões que dão base à maioria das ações que desempenhamos durante o dia e que definem tudo o que somos e o que queremos ser. A essas, podemos somar a que pode englobar todas: autocontrole.
Não se trata de algo que se aprende da noite para o dia. A construção de uma personalidade sadia, por meio da capacidade de controle, é algo que precisa ser “semeado” desde a infância. No entanto, se isso não for incentivado, pode ter consequências negativas na vida adulta.
Assim, para falar em autocontrole, em primeiro lugar, é necessário destacar que a família sempre será o eixo de referências simbólicas para a criança, já que representa o lugar em que se busca encontrar proteção, segurança e afeto. A afirmação é da professora do curso de Psicologia da Universidade Feevale, Maria Lúcia Rodrigues Langone Machado.
Autocontrole e organização familiar
De acordo com ela, para que essa função de proporcionar as condições favoráveis no desenvolvimento humano seja desempenhada de maneira positiva, é fundamental que a organização familiar abra espaço para que a criança construa sua personalidade consciente de direitos e deveres, desde bem cedo.
O autocontrole é um modelo de conduta que é adquirido ao longo da vida. Começa com o modelo de identificação que percebe dentro de casa desde o nascimento e segue mediado com o meio social.
É importante que os pais, amorosamente, deem limites para as manifestações agressivas de seus filhos desde a mais tenra idade durante a infância, podendo auxiliá-los a encontrar formas mais criativas e afetivas para lidar com as frustrações e com a própria agressividade.
“Este processo vai gerando as habilidades sociais necessárias desde a infância, para que o sujeito se torne capaz de viver em sociedade. Por meio do autocontrole, é possível identificar seus próprios comportamentos, conseguindo observar e perceber o efeito destes sobre os outros”, enfatiza Maria Lúcia.
Consequências da falta de autocontrole
Para melhor compreender o poder de saber se controlar, é interessante descrever a sua falta, pontua a psicóloga. Ausência que já pode ser percebida no período da infância – momento em que se observa a inveja sentida pelo bebê quando sua mãe dá atenção ao pai, a uma amiga ou a qualquer outra coisa que não seja ele próprio.
Ou ainda quando uma criança não tem o mesmo brinquedo que um amiguinho, ou quando não recebe os mesmos elogios. São inúmeras as situações em que a inveja desperta o descontrole nas crianças, surgindo como resposta os comportamentos agressivos, tais como: gritos, chutes e mordidas.
Esse descontrole nas etapas iniciais do desenvolvimento infantil é esperado, porém, caso não venha a ser amparado, mediado, limitado e ressignificado por um adulto, poderá em outra etapa do desenvolvimento, tornar-se um padrão de comportamento caracterizado pela falta de controle.
Como consequência do descontrole emocional, surge a falta de habilidade para lidar com as frustrações, que fazem parte da existência humana.
“Assim sendo, diante de situações estressantes, sem autocontrole, entram em cena comportamentos abusivos relacionados ao consumo de drogas lícitas ou ilícitas; comportamento compulsivo relacionado ao excesso de compras; ao excesso de consumo alimentar; dificuldades para lidar com a agressividade entre outras coisas”, afirma Maria Lúcia.
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