Talvez você ainda não saiba, mas no vasto mundo de pesquisas, estudos e testes, existe uma ciência dedicada à investigação, à busca pelo conhecimento sobre a morte e o morrer. De origem grega, a palavra tanatologia refere-se a Thánatos, o deus da morte, e logia ou logos, estudo. Por isso, é geralmente apontada como a “ciência do morrer”.
Trata-se de um campo de estudo explorado pelas ciências da saúde física e mental, de forma interdisciplinar, onde são desenvolvidos instrumentos para atuação no cuidado a pessoas que estão encarando a perda de outras, em processos de adoecimentos e, ainda, em decorrência de comportamentos autodestrutivos ou suicidas.
Surgimento da discussão sobre tanatologia
O grande desenvolvimento da tanatologia ocorreu após as guerras mundiais, com os estudos de Hermann Feifel, autor que apontou a importância da discussão do tema da morte, como reforça a psicóloga Cássia Cruz.
No Brasil, ela conta que o tema passou a ser discutido de forma mais significativa a partir dos anos 1980, com o trabalho da psicóloga Wilma Torres, através de seminários e da inauguração de institutos de pesquisa que se ocuparam desse assunto.
Cássia comemora que o desenvolvimento do tema aumenta a cada ano, o que é sinal do reconhecimento da importância da reflexão e do conhecimento sobre os temas relacionados à morte.
“Centros de estudo de luto, psicólogos com trabalho voltado ao luto e médicos especialistas em cuidados paliativos vêm se apresentando de forma mais expressiva nos últimos anos, justamente pela preocupação que se tem de garantir e multiplicar informação, e no respeito ao desejo dos pacientes e seus familiares”, completa.
O tema central da tanatologia versa sobre a morte, mas é importante apontar que nele estão compreendidos diferentes fenômenos, como o luto, tanto o de quem está doente ou irá falecer, bem como de sua família e pessoas próximas a si.
“Trabalhando o luto antecipatório, por exemplo, podemos preparar as pessoas para que o momento da morte ocorra da melhor forma possível, e no trabalho com pessoas enlutadas, que elas consigam superar a dor da perda, retomando suas atividades e restabelecendo os níveis de saúde mental”, diz Cássia.
Tanatologia: educação para a morte
A disseminação de informação a respeito da tanatologia faz parte de algo maior que pode ser chamado de “educação para a morte”. Ou seja, sensibilizar as pessoas sobre a importância de falar sobre a morte e o morrer, para que isso deixe de ser um tabu.
Pessoalmente, Cássia diz acreditar que o que causa sofrimento é aquilo que não se conhece, de forma que evitar o tema da morte acaba por impossibilitar uma reflexão e preparação para as perdas que se sofre ao longo da vida.
“É necessário que os pais tratem o assunto de forma franca com seus filhos, especialmente após os oito anos de idade da criança, idade a partir da qual o entendimento sobre morte torna-se mais real”, alerta a psicóloga.
As escolas podem também abordar o tema, respeitando as diferentes crenças, mas abrindo a possibilidade de reflexão. Cássia diz perceber em sua prática rotineira que as pessoas que nunca falaram sobre isso com seus familiares são as que mais sofrem e as que têm as famílias com mais dificuldades em enfrentar o momento.
E não é necessário que se fique doente ou que vivencie outra morte para que o tema seja abordado, a morte é inevitável, e encará-la da melhor forma possível é a meta de todas as pessoas, e motivo pelo qual cada vez mais profissionais têm trabalhado.
Gostou do artigo? Qual é a sua opinião sobre ele? Venha compartilhar suas experiências e tirar suas dúvidas no Fórum de Discussão Doutíssima! Clique aqui para se cadastrar!
É fã do Doutíssima? Acompanhe o nosso conteúdo pelo Instagram!